Leny Andrade: primeira dama do samba-jazz e voz vibrante de todos os estilos
A mãe queria-a pianista, mas ela afirmou-se como cantora, uma improvisadora nata que sobrevoou todos os estilos, marcando com o seu scat a música que lhe passou pela voz.
Foi uma noite estranha, aquela, quando uma jovem cantora de 18 anos se encontrou num bar, frente a um músico que era suposto acompanhá-la. “Eu não vou acompanhar ninguém cantando música brasileira, que eu odeio esse troço.” E ela: “Então, eu não sei como a gente vai poder resolver. Porque eu não canto jazz.” “Você acha que não canta jazz”, ripostou ele. Ela insistiu: “Não, eu não canto jazz. Eu não sei cantar jazz.” Ele não desarmou: garantiu que já a ouvira improvisar, num bar vizinho, e improvisar já era jazz. “Ah, bom, então provavelmente eu canto jazz e não tava sabendo”, resignou-se a jovem. E ele, triunfante, rematou: “Eu vou trazer uns discos pra você ouvir, da Ella.” “Quem? Ela? Ela é pronome!” “Não, Ella Fitzgerald.” “Quem?” “Da Sarah Vaughan...” “Quem??”
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