Patrick Drahi promete respostas sobre investigação em Portugal para dia 7 de Agosto

O fundador e maior accionista da empresa vai tentar tranquilizar os credores do grupo. Em Portugal, sindicatos vão reunir-se com o ministro João Galamba a 16 de Agosto.

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O líder da Altice, Patrick Drahi Daniel Rocha
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O que é que se passou na Altice para que, durante alguns anos, se pudesse manter em funcionamento um alegado esquema de corrupção em que um dos principais estrategos foi um dos co-fundadores da empresa?

Esta talvez seja uma das explicações que o principal accionista do grupo Altice, Patrick Drahi, será chamado a dar nos dias 7 e 8 de Agosto, datas da apresentação de resultados da Altice International e da Altice France, respectivamente, em que está prevista a sua participação em conferências telefónicas com os obrigacionistas destas entidades.

Com as investigações em Portugal a resultarem, para já, na detenção de dois dos arguidos, o empresário de Braga Hernâni Antunes e o co-fundador da Altice, Armando Pereira, o caso começou a ganhar alguma atenção internacional e levantam-se questões sobre o seu impacto na actividade e na reputação da empresa.

As conferências telefónicas do próximo mês destinam-se aos “actuais e potenciais investidores em dívida” da Altice International (que agrega os negócios do grupo em Portugal, Israel e República Dominicana) e Altice France (cujo principal activo é a operadora SFR), para “discutir os resultados do segundo trimestre de 2023”.

Mas a participação de Drahi, “fundador e accionista controlador” da Altice, que construiu um império montado em dívida – são cerca de 60 mil milhões dólares (ou perto de 54 mil milhões de euros, ao câmbio actual) repartidos entre a Altice International, a Altice France e a Altice USA –, é a prova de que as contas trimestrais não deverão ser o tema mais quente da conversa.

Não quando existem suspeitas de viciação do processo de contratação de serviços e produtos na Altice Portugal (mas não só), de pagamento de vantagens indevidas a gestores (incluindo aos portugueses Alexandre Fonseca e Luís Alveirinho, segundo o Ministério Público) e da venda de património da empresa com prejuízo (como os imóveis da antiga PT).

Para já, depois do anúncio da suspensão de gestores e representantes, do congelamento de pagamentos a sociedades implicadas no processo (conhecido como Operação Picoas) e da abertura de investigações internas, só há silêncio. Às várias questões enviadas pelo PÚBLICO sobre este assunto, fonte oficial do grupo Altice assegurou que “muitas respostas serão dadas a 7/8 de Agosto”.

De acordo com o Ministério Público, a Altice Portugal terá sido lesada em pelo menos 250 milhões de euros, e a presidente executiva, Ana Figueiredo, já assumiu que “os factos são, obviamente, preocupantes” e que é preciso trabalhar para “recuperar a reputação” da empresa e “virar a página”.

Apesar de ver como positiva a mensagem da dirigente executiva da Altice, o presidente do sindicato STPT, Jorge Félix, diz que os trabalhadores estão “com receio do que pode vir a acontecer, se tudo se vier a provar”. E também “com alguma frustração”, porque “pensavam que estavam a trabalhar para o desenvolvimento da empresa e afinal estavam a trabalhar para enriquecer pessoas e alimentar luxos e ambições”.

O dirigente sindical lamentou também o facto de nunca ter havido abertura da gestão para melhorar as condições salariais, quando havia “milhões a sair da empresa”.

Outros sindicatos querem debater com o Governo a situação da Altice. Esta quinta-feira, a Fectrans (Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações) anunciou que, na sequência do pedido que fez em representação do Sinttav, do SNTCT e do STT, o gabinete do Ministro das Infra-Estruturas, João Galamba, marcou uma reunião para dia 16 de Agosto, às 10h, com o caso Altice na agenda.

Os sindicatos pediram também para se reunirem com Patrick Drahi.

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