Emmys serão adiados devido à greve de actores e argumentistas

Cerimónia, que sem os grevistas ficaria com “executivos do canal e estrelas de reality shows como apresentadores”, pode passar para Janeiro de 2024. Academia e canal Fox ainda não confirmaram.

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Piquete de greve Reuters/MARIO ANZUONI
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Será a primeira grande consequência da dupla paralisação por melhores condições de trabalho por parte das guildas dos actores e actrizes e dos argumentistas dos EUA: a cerimónia de entrega dos Emmys vai ser adiada. A imprensa norte-americana está a noticiar, através das indicações seguras de várias fontes de diferentes sectores, mas ainda sem a confirmação oficial da Academia que entrega os “Óscares da televisão”, que esta será a primeira vez desde os atentados de 11 de Setembro que os Emmys são empurrados para nova data.

Como também relata grande parte da imprensa norte-americana, esta era uma consequência expectável da greve que desde Maio mobiliza todos os guionistas membros da WGA (sigla original em inglês) e que desde o início deste mês envolve também actrizes e actores do SAG (sigla original em inglês). São mais de 160 mil trabalhadores de Hollywood em greve e, sem estrelas nem quem lhes escreva o que dizer, sem intérpretes nem guionistas para receber os prémios, os Emmys eram a primeira vítima provável do impasse em que se encontram as negociações com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os grandes estúdios clássicos ou do streaming — portanto entidades que vão da Warner Bros ou Paramount à Netflix e Apple ou Amazon.

Agendados para 18 de Setembro (madrugada de 19 de Setembro na hora portuguesa), só falta mesmo o comunicado da Academia de Artes e Ciências Televisivas para pôr fim ao tema. Segundo a revista Variety, vários fornecedores já foram avisados de que o evento não terá lugar na data prevista. A mesma revista, bem como o jornal diário USA Today, indicam que a nova data será provavelmente Janeiro de 2024, citando fontes da Fox, o canal generalista que transmite a cerimónia. O Los Angeles Times indica mesmo que foi a Fox que cancelou os Emmys de Setembro, dizendo também que é seu desejo que os mesmos sejam agendados para Janeiro.

O desejo da Academia até seria ter a cerimónia em Novembro, mas no fundo só com o conflito entre os sindicatos e a associação de estúdios e produtores resolvido é que a temporada de prémios, os festivais de cinema e as estreias podem continuar — é um novo cenário no mundo do espectáculo, que nem sempre pode continuar.

As posições das partes nestas greves continuam tensas em torno dos respectivos contratos colectivos — e a revista Hollywood Reporter noticiava mesmo na quinta-feira que a Disney ou a Netflix estão a contratar especialistas em inteligência artificial, um dos temas quentes das negociações, enquanto os trabalhadores estão em piquetes por todo o país e as actividades promocionais das suas séries e filmes estão a ser cancelados. Emmys sem os grevistas deixaria, como escreve o Los Angeles Times, a cerimónia com “executivos do canal e estrelas de reality shows como apresentadores”.

O Festival de Veneza (começa a 30 de Agosto), bem como o Festival de Locarno (já na próxima semana), avançam mas já com actores a desmarcar presenças. Riz Ahmed, por exemplo, não vai a Locarno e Stellan Skarsgard vai abdicar de receber o seu prémio honorário Leopard Club em solidariedade com os colegas sindicalizados. Em Veneza, a organização foi obrigada a alterar o seu filme de abertura devido à greve, entrando em cena Comandante, de Edoardo di Angelis e não o anunciado Challengers, de Luca Guadagnino.

A mais recente dupla greve destes profissionais remonta a 1960 e os Emmys só viram a sua data mudada devido aos atentados terroristas de 2001. As nomeações para os prémios deste ano foram anunciadas dia 12 e como era esperado, a série HBO Succession foi a mais nomeada com 27 possibilidades de ter uma estatueta; The Marvelous Mrs. Maisel, Better Call Saul, Barry, The Bear, The Last of Us ou The White Lotus são outras das candidatas.

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