Defesa: Capitão Ferreira trabalhou em “comissão fantasma” junto de Gomes Cravinho

O agora ex-secretário de Estado da Defesa trabalhou directamente com o então ministro da Defesa sem ter qualquer vínculo com o ministério, avança a Visão.

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Marco Capitão Ferreira demitiu-se de secretário de Estado da Defesa depois de a PJ ter realizado buscas a sua casa Maria Abranches
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Há mais uma informação a adensar a nebulosa teia de relações no Ministério da Defesa. A revista Visão avança esta quinta-feira que Marco Capitão Ferreira trabalhou entre Fevereiro e Março de 2019 na dependência do então ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, trabalho desempenhado numa aparente “comissão fantasma”, sem qualquer vínculo ao ministério e enquanto assessorava a Direcção-Geral de Recursos e Defesa Nacional (DGRDN).

Em paralelo à assessoria prestada à DGRDN por causa dos helicópteros EH-101, o agora ex-secretário de Estado da Defesa trabalhou directamente com Gomes Cravinho. Em audição conjunta com a agora titular da Defesa, Helena Carreiras, realizada na sexta-feira passada, no Parlamento, o agora ministro dos Negócios Estrangeiros não sinalizou tal realidade, porém agora terá admitido a situação quando questionado pela Visão.

A revista cita documentos e emails que mostram que Capitão Ferreira trabalhou informalmente com Gomes Cravinho naquilo que o docente classificava como “comissioni fantasmi”.

Também esta quinta-feira, o Correio da Manhã escreve que o contrato de assessoria de Capitão Ferreira à DGRDN terá sido feito à sua medida, pois antes de ter sido lançado um concurso por convite a três juristas, a DGRDN já teria orçamentado a despesa com essa prestação de serviço em nome do próprio Capitão Ferreira.

A DGRDN terá feito o convite a três juristas no dia 7 de Março e Capitão Ferreira terá logo a 8 de Março apresentado uma proposta com um valor de 50 mil euros (sem IVA), precisamente o montante previamente definido no concurso. A Visão, por seu lado, escreve que o ex-governante terá ajudado a preparar o concurso que haveria de o contratar.

Na tal “comissão fantasma” estariam também Irene Pares, assessora da Direcção-Geral de Defesa, Catarina Nunes, adjunta do ministro Gomes Cravinho, e o antigo presidente da Entidade das Contas e Financiamentos Políticos, José Miguel Fernandes.

Na sexta-feira da semana passada, na comissão de Defesa Nacional, João Gomes Cravinho assegurou desconhecer os termos do contrato de assessoria entre Capitão Ferreira e a DGRDN, de Março de 2019.

A 14 de Julho, o Expresso noticiou que Gomes Cravinho prolongou o contrato para a manutenção dos helicópteros EH-101 sem visto do Tribunal de Contas. Foi precisamente a propósito da manutenção desses helicópteros que Capitão Ferreira recebeu 61,5 mil euros por uma assessoria prestada durante cinco dias.

Marco Capitão Ferreira demitiu-se a 7 de Julho após a Polícia Judiciária ter feito buscas a sua casa e ao Ministério da Defesa, tendo o ex-governante sido constituído arguido por “suspeitas de práticas criminosas no exercício de funções públicas, designadamente corrupção e participação económica em negócio”.​

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