O maior telescópio óptico do mundo já vai a meio da construção
O Telescópio Extremamente Grande, como se chama, está localizado no Chile e o Observatório Europeu do Sul (ESO) estima que a sua construção esteja finalizada nos próximos cinco anos.
O próximo grande telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO) – organização europeia com 16 Estados-membros, incluindo Portugal – já vai a meio da sua construção, tendo o projecto avançado nos últimos anos a “bom ritmo”, de acordo com um comunicado divulgado pelo ESO.
Chama-se Extremely Large Telescope (ELT), ou Telescópio Extremamente Grande, e o nome diz já qual a ambição do projecto. É um “telescópio terrestre revolucionário que terá um espelho principal de 39 metros e será o maior telescópio do mundo para a luz visível e infravermelha: o maior olho do mundo no céu”, refere o comunicado, destacando que o ELT ultrapassou recentemente o marco dos 50% de conclusão.
O telescópio está localizado no topo do Monte Armazones, uma montanha no deserto de Atacama, no Chile, onde “engenheiros e trabalhadores da construção civil estão actualmente a montar a estrutura da cúpula do telescópio a um ritmo impressionante”. A estrutura de aço adquirirá em breve a forma redonda típica das cúpulas dos telescópios.
Os espelhos e outros componentes do telescópio estão a ser construídos por empresas europeias. Este telescópio terá “uma concepção óptica pioneira de cinco espelhos, que inclui um espelho principal gigante [M1] constituído por 798 segmentos hexagonais”. Mais de 70% das peças em bruto e dos suportes para estes segmentos já foram fabricados e o segundo e terceiro espelhos (M2 e M3) foram fundidos e estão a ser polidos, de acordo com o ESO. O quarto espelho (M4) será “um espelho adaptável e flexível que ajustará a sua forma mil vezes por segundo para corrigir as distorções causadas pela turbulência do ar”.
Os restantes sistemas necessários, incluindo o sistema de controlo e o equipamento necessário para montar e pôr em funcionamento o telescópio, “estão também a progredir bem no seu desenvolvimento ou produção”. Os quatro primeiros instrumentos científicos com que o ELT será equipado encontram-se também na fase final de concepção, estando alguns “prestes a começar a ser fabricados”.
Primeiras observações científicas em 2028
O ESO destaca ainda que “a maior parte das infra-estruturas de apoio ao ELT está agora instalada no Monte Armazones ou nas suas proximidades”, dando o exemplo do edifício técnico que, entre outras coisas, será utilizado para o armazenamento e revestimento dos diferentes espelhos do ELT e que está já totalmente construído e equipado.
A construção deste telescópio teve início há nove anos, com uma cerimónia de lançamento da primeira pedra. Nessa altura, o topo do Monte Armazones foi aplanado para dar espaço ao telescópio gigante.
Os especialistas prevêem que a conclusão da segunda metade do projecto seja “significativamente mais rápida do que a construção da primeira metade do ELT”, uma vez que a primeira fase incluiu o “longo e meticuloso processo de finalização da concepção da grande maioria dos componentes a fabricar” para o telescópio. O ESO salienta ainda que “alguns dos elementos, como os segmentos de espelho e os seus componentes e sensores de apoio, exigiram uma prototipagem pormenorizada e ensaios significativos antes de serem produzidos em massa”, tendo a construção do telescópio sido também afectada pela pandemia de covid-19.
O ESO estima que a construção do telescópio esteja finalizada nos próximos cinco anos. Porém, ressalva que “a construção de um telescópio tão grande e complexo como o ELT não está isenta de riscos até estar concluído e a funcionar”.
“O ELT é o maior da próxima geração de telescópios terrestres ópticos e de infravermelhos próximos e o que está mais avançado na sua construção. Atingir 50% de conclusão não é um feito pequeno, tendo em conta os desafios inerentes a projectos grandes e complexos, e só foi possível graças ao empenho de todos no ESO, ao apoio contínuo dos Estados-membros do ESO e ao empenho dos nossos parceiros na indústria e nos consórcios de instrumentos”, afirmou Xavier Barcons, director-geral do ESO, citado em comunicado.
Estaremos sós no Universo? As leis da física são universais? Como se formaram as primeiras estrelas e galáxias? Estas são algumas das questões astronómicas às quais o Telescópio Extremamente Grande do ESO, cujas observações científicas estão previstas começar em 2028, pretende dar resposta. A conclusão é uma: “O ELT vai mudar radicalmente o que sabemos sobre o nosso Universo e vai fazer-nos repensar o nosso lugar no cosmos.”