Montenegro diz que só governará Portugal se vencer as eleições

“Só governarei se tiver a confiança do povo. É assim que eu vejo a forma de catapultar Portugal para um projecto de transformação”, diz o líder do maior partido da oposição.

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Montenegro diz que se apresentará "sem ambiguidades, para ganhar as eleições e ganhar condições de governabilidade" LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

O líder do PSD, Luís Montenegro, declarou, esta terça-feira, só estar disponível para governar Portugal se vencer as eleições, considerando "anedótica" as críticas do PS/Açores à sua posição sobre a vitória do PP em Espanha.

"Eu só governarei Portugal se ganhar as eleições. Só governarei se tiver a confiança do povo. É assim que eu vejo a forma de catapultar Portugal para um projecto de transformação, de mudança, de esperança para o futuro", afirmou o responsável socialista aos jornalistas no decorrer de uma visita ao centro de saúde da Calheta, na zona oeste da Madeira, no âmbito da jornada "Sentir Portugal", que decorre nesta região autónoma.

Montenegro reagia ao PS/Açores que, num comunicado divulgado segunda-feira, considerou que o presidente do PSD "ou não tem memória ou não tem vergonha" por defender que o PP deve formar Governo em Espanha, porque ganhou eleições, lembrando o que aconteceu aquando das regionais de 2020.

"Se não fosse preocupante, seria mesmo anedótico", disse o dirigente nacional, apontando que se trata "de um partido político, com a sua estrutura regional, que vem criticar a posição do líder do PSD".

Luís Montenegro respondeu ao PS/Açores, destacando respeitar "a autonomia das regiões no discurso e na prática". "Aquilo que se discute e decide nas regiões é, do ponto de vista da autonomia, da responsabilidade de quem gere politicamente as regiões. Mas eu não me proponho ser presidente do Governo Regional. Eu proponho-me ser primeiro-ministro de Portugal", salientou.

Montenegro perguntou também ao PS/Açores se se recorda "do que se passou em 2015, não do ponto de vista regional, mas nacional, onde o PS fez exactamente o contrário do que a estrutura regional agora critica". E acrescentou: "A campanha eleitoral nos Açores é no próximo ano. O PS utilizou o braço açoriano para tentar criticar a posição do líder do PSD."

O líder social-democrata assegurou estar "muito tranquilo com isso e até muito contente", vincando que lhe dá a oportunidade de dizer que é "a favor das autonomias regionais e o PS não é".

"Eu sou a favor de um poder político nacional que seja inspirado na confiança do povo português, em que se respeitem os valores democráticos essenciais, que governe quem tem a confiança do povo. É o primeiro-ministro quem é líder do partido mais votado", argumentou.

"É assim que me apresentarei aos portugueses, sem tibiezas, sem ambiguidades, para ganhar as eleições e ganhar condições de governabilidade", concluiu.

Temos um "Governo que funciona ao ralenti"

O líder dos sociais-democratas acusou ainda o Governo de estar a empatar as soluções para resolver os problemas, funcionando "ao ralenti", nomeadamente na tomada de medidas para a habitação. "Acho que temos em Portugal um Governo que funciona ao ralenti, sempre a reboque dos acontecimentos, sempre tarde e a más horas", disse Luís Montenegro.

De acordo com Luís Montenegro, o PSD alertou, há mais de um ano, para "a circunstância de um processo inflacionista que iria acarretar a subida das taxas de juro, que por sua vez iria desembocar nas dificuldades redobradas das famílias, em particular das mais jovens, em poderem pagar as prestações dos seus créditos à habitação", tendo defendido a necessidade de serem tomadas medidas para mitigar o problema.

"A verdade é que já passou um ano e as medidas são sempre apresentadas às pinguinhas e muito mais tarde do que aquilo que é a necessidade das pessoas", opinou. Montenegro acusou o Governo de "andar a empatar as soluções", salientando que, ao contrário do que acontece na Madeira, onde decorrem obras de construção de habitações, a nível nacional "tudo funciona muito devagar, devagarinho, muito tarde".

"Nós precisamos de antecipar problemas e antecipar soluções também", argumentou, realçando que as famílias e os jovens portugueses aguardam medidas que possam efectivamente ajudar nesta conjuntura. E continuou: "O Governo está permanentemente a protelar, a adiar, numa altura em que os portugueses pagam cada vez mais impostos."

"Precisamos de políticos para decidir, arriscar, mudar transformar. É preciso termos uma competitividade atractiva", vincou.