Greve dos médicos às horas extraordinárias com adesão de 90%

Médicos exigem propostas concretas do Governo nas negociações sobre as grelhas salariais e a valorização da carreira.

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SIM estima que adesão registada esta segunda-feira se traduza em 3000 consultas por realizar Manuel Roberto
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A adesão à greve dos médicos às horas extraordinárias, que começou esta segunda-feira, rondou os 90%, segundo o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que estima que esse número se traduza em cerca de 3000 consultas por realizar.

"A nota preliminar que temos é que cerca de 90% dos colegas não estão a efectivar este tipo de trabalho", disse à Lusa Jorge Roque da Cunha, num balanço da adesão à greve de um mês ao trabalho extraordinário dos médicos de família, convocada pelo SIM, e que se inicia esta semana.

Lembrando que, em média, os médicos realizam cerca de 850 mil consultas nas suas horas extraordinárias, o dirigente sindical estima que a adesão registada esta segunda-feira se traduza em cerca de 3000 consultas por realizar. "É um número conservador", disse Jorge Roque da Cunha, antecipando que possam ser mais porque "este ano há uma pressão maior por parte dos utentes sem médico".

A paralisação insere-se num conjunto de greves que o SIM anunciou recentemente para protestar contra a ausência de propostas concretas do Governo nas negociações sobre as grelhas salariais e a valorização da carreira que decorrem desde 2022 sem acordo.

"Esta questão só se resolverá quando o Governo cumprir aquilo que assinou há cerca de um ano, que é um processo negocial com os sindicatos, e um processo negocial indica, em termos formais, a apresentação de propostas", afirmou o representante dos médicos.

A próxima reunião negocial está agendada para sexta-feira e, de acordo com o secretário-geral do SIM, a proposta do executivo não chegou aos sindicatos.

Durante a manhã, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, garantiu, em declarações aos jornalistas, que vai apresentar uma proposta de revisão da grelha salarial aos médicos e lamentou o "criticismo excessivo" que tem havido sobre a forma como têm decorrido as negociações.

Além desta paralisação às horas extraordinárias, o sindicato marcou uma outra greve dos médicos de âmbito nacional, que vai decorrer entre terça e quinta-feira.

Em antecipação da greve nacional, Jorge Roque da Cunha sublinhou que existe, actualmente, "um grande descontentamento na classe médica resultante da falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde".

"Essa grande insatisfação é exacerbada pelo facto de o Governo proclamar o amor ao Serviço Nacional de Saúde e, apesar da nossa carga fiscal ter batido um recorde no ano passado, não haver investimento em salários, equipamentos, condições de trabalho", acrescentou, antecipando que isso leve a "uma forte adesão".