A porta encostada

Se a irmã da Sãozinha, a Esperança, conseguia trancar a porta do seu quarto quando o vizinho a visitava, a Glória tinha de a deixar encostada.

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A Glória, que mantinha uma fachada de quem era, apesar de tudo, amada, e lhe eram permitidas pequenas férias ou fins-de-semana em casa dos tios, foi perdendo a aparência de felicidade e segurança ao mesmo tempo que lhe vinha a adolescência à superfície, com todas as alterações estruturais, pernas, ancas, pelos, peito, borbulhas, menstruação, e o cheiro acre do suor, alterações em que o tio não deixara de reparar, passando a pousar as suas mãos mais tempo nas costas da Glória, ou fazendo com que os seus dedos passassem de raspão pelos mamilos da Glória, ou pelo rabo da Glória.

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