Austrália bloqueia aquisição de empresa de extracção de lítio por cidadão chinês

Bloqueio foi ordenado após uma avaliação negativa do Conselho de Revisão do Investimento Estrangeiro, e é a segunda decisão pelos mesmos motivos nos últimos cinco meses.

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Mina de Bald Hill, na Austrália DR
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O Governo da Austrália impediu nesta sexta-feira que uma empresa de produtos de lítio com ligações à China assumisse o controlo total da empresa australiana Alita Resources, que se dedica à extracção de lítio no país.

É a segunda vez este ano que Camberra bloqueia um negócio com capitais chineses no sector dos metais raros, depois de o actual Governo ter prometido ser "mais assertivo a encorajar investimentos alinhados com o interesse nacional [da Austrália] a longo prazo".

Numa reacção à notícia, avançada pela agência Reuters, um porta-voz do ministro do Tesouro (Finanças) australiano, Jim Chalmers, disse que o negócio foi bloqueado "de acordo com a avaliação do Conselho de Revisão do Investimento Estrangeiro" — uma agência do Governo australiano que avalia as propostas de investimento no país feitas por cidadãos estrangeiros.

Segundo a Reuters, o director da empresa investidora — a Austroid Corporation, que detém 10% do capital da Alita e que pretendia adquirir os restantes 90% — é Mike Que, director da subsidiária da Alita que gere a mina de lítio de Bald Hill, na Austrália, e filho de Que Wenbin, um dos grandes accionistas da fabricante de baterias de lítio chinesa Sichuan Western Resource.

"A Austroid está chocada e desiludida com esta decisão", lê-se num comunicado da empresa, citado pela Reuters. "Não percebemos as razões da decisão, à luz da nossa colaboração total e das nossas respostas detalhadas a todas as questões suscitadas durante o processo."

Desde que entrou em funções, em Maio de 2022, o novo Governo do trabalhista Anthony Albanese prometeu diversificar as cadeias de mercado de metais raros — incluindo o lítio —, que são essenciais para os objectivos de descarbonização das economias.

Em Março passado, o ministro das Finanças australiano impediu, também com base num parecer do Conselho de Revisão do Investimento Estrangeiro, um aumento do capital do fundo chinês Yuxiao na empresa Northern Minerals, de 10% para 19,9%.

Actualmente, a Austrália fornece metade do lítio no mercado global e é o maior fornecedor de minério de ferro da China; por outro lado, a China domina o sector do processamento de metais críticos.

O plano do Governo australiano é diversificar os seus parceiros nestes sectores. Em Julho, o país passou a integrar uma aliança internacional para fortalecer o seu papel nas cadeias de extracção e processamento de metais raros, juntamente com os EUA, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Japão, Coreia do Sul, Suécia, Reino Unido e União Europeia.

Para o Governo chinês, a intenção declarada da Austrália de ser "mais selectiva" na escolha dos seus parceiros "tem como objectivo excluir a China do seu sector dos metais raros, com a desculpa das preocupações com a segurança nacional", segundo um artigo do jornal Global Times, do Partido Comunista Chinês, publicado em Novembro de 2022.

"A tentativa da Austrália de se juntar aos EUA para se dissociar da China não é benéfica para as relações bilaterais", alertou o jornal.

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