Amesterdão volta a apertar o cerco aos turistas com encerramento de terminal de cruzeiros

Conselho da cidade decidiu encerrar o terminal que fica no coração de Amesterdão. “Os navios poluentes não estão de acordo com as ambições sustentáveis que temos para a nossa cidade.”

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SABINA FRATILA/UNSPLASH
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É a tentativa mais recente de tentar limitar o excesso de turismo na cidade dos Países Baixos: o conselho municipal decidiu encerrar o terminal de cruzeiros que fica no coração de Amesterdão.

“Os navios de cruzeiro poluentes não estão de acordo com as ambições sustentáveis que temos para a nossa cidade”, lê-se num comunicado do partido de centro-direita D66, que administra a cidade com os sociais-democratas PvdA e os ambientalistas GroenLinks, a que a agência France-Presse teve acesso.

O partido também afirmou que a passagem de navios de cruzeiro não era compatível com os planos para construir uma nova ponte entre o bairro histórico do Sul da cidade e o bairro do Norte (Noord), foco de recentes projectos de desenvolvimento.

Amesterdão tornou-se vítima do seu próprio sucesso. Depois de as campanhas governamentais promoverem a Holanda como “atracção turística”, a cidade, com cerca de 820 mil habitantes, começou a receber cerca de 20 milhões de turistas por ano, um número em crescimento.

Desde aí que a cidade tem tentado controlar este excesso de turistas e até desencorajado as visitas. Em 2019, as autoridades anunciaram que as tours guiadas ao red light district iam ser proibidas e que os turistas iam pagar um imposto adicional noutras excursões.

Foi também divulgado um programa do município, apelidado “Cidade em Equilíbrio”, que previa a suspensão de novos hotéis, lojas de souvenirs, pontos de venda de ingressos, ou das célebres lojas de queijos da cidade. Estava igualmente prevista uma maior limitação do número de passageiros que o aeroporto de Schiphol pode receber.

A utilização de plataformas como o Airbnb ou o Booking tornou-se limitada – os proprietários não podem alocar os alojamentos a este tipo de serviços durante mais de 30 dias por ano.

Em Dezembro de 2019, o famoso letreiro I amsterdam foi retirado da Praça Rijksmuseum. Femke Halsema, presidente da câmara de Amesterdão, disse, na altura, que era transmitida uma mensagem demasiado “individualista”, mas o objectivo principal era reduzir o número de turistas que ocupavam a praça diariamente.

Em Fevereiro deste ano, Amesterdão voltou à carga e anunciou um novo plano para combater os efeitos negativos do turismo, que incluía a proibição do consumo de cannabis em espaços públicos e a limitação dos horários para restaurantes ou locais de prostituição. As medidas entraram em vigor em Maio deste ano.

Esta proibição teve como objectivo corresponder às contínuas e crescentes críticas dos moradores. “Se o incómodo não diminuir o suficiente, vamos investigar se podemos proibir o fumo nas esplanadas dos coffee shops”, alertaram as autoridades da cidade, em comunicado.

Além desta nova medida, a câmara de Amesterdão informou ainda que a limitação dos horários para os restaurantes e locais de prostituição será aplicada durante os fins-de-semana. “Os moradores do centro histórico sofrem muito com o turismo de massas e o abuso de álcool e drogas nas ruas. Os turistas também atraem vendedores ambulantes que, por sua vez, causam crime e insegurança”, argumentam as autoridades.

Já depois destas novas medidas, em Março, a cidade lançou ma campanha para afastar especificamente os turistas britânicos que procuram a cidade para fins-de-semana de festas e excessos. Foi pensado que o vídeo da campanha funcionasse como um dissuasor e aparecesse nos motores de busca do Reino Unido, quando se pesquisassem certas expressões como “despedida de solteiro em Amesterdão”, “hotéis baratos em Amesterdão” ou “pub crawl [ir a vários bares na mesma noite] em Amesterdão”.

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