O corrupio

SIM, pensava aos gritos a irmã dos gritos, olhando para as meninas, darão boas criadas.

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A Sãozinha, por vezes, parava de repente, acontecia nas mais diversas situações, no meio do corredor ou ao sair das aulas ou antes de entrar na missa: fechava os olhos para se lembrar da mãe, mas o tempo, passando indiferente a tudo, sem misericórdia, era outro mar que lhe ia levando a recordação da imagem materna, especialmente os pormenores. Que pecado, pensava a Sãozinha, nem sequer me lembro de que cor eram os seus olhos, não me lembro das mãos, não me lembro da voz, está a tornar-se fantasma, desaparece-me da cabeça. As outras meninas quando a viam assim, de olhos fechados, quieta, empurravam-na e riam e corriam à sua volta. A Sãozinha a desesperar porque não encontrava a cor dos olhos da mãe, as meninas a empurrarem-na, a Sãozinha com as lágrimas a caírem-lhe pela cara, as meninas a empurrarem-na, a Sãozinha a tentar desenhar mentalmente o rosto da sua mãe, as meninas a empurrarem-na, as lágrimas a desenharem o seu rosto, mas não o da sua mãe.

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