Torneios voltam à Viagem Medieval na Feira em edição que evoca Batalha de Aljubarrota

Maior recriação histórica em território europeu regressa a Santa Maria da Feira em Agosto. Este ano dedicada ao reinado de D. João I, destaca-se a Batalha de Aljubarrota e o regresso dos torneios.

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Viagem Medieval regressa a Santa Maria da Feira de 2 a 13 de Agosto Nelson Garrido (Arquivo)
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Viagem Medieval regressa a Santa Maria da Feira de 2 a 13 de Agosto Nelson Garrido (Arquivo)
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A recriação histórica Viagem Medieval arranca em Santa Maria da Feira a 2 de Agosto e este ano volta a incluir torneios no programa, que é dedicado ao reinado de D. João I e replicará a Batalha de Aljubarrota.

Organizado pelo município com 1,9 milhões de euros de fundos próprios, esse evento do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto mantém-se como a maior recriação histórica em território europeu, ao ocupar 33 hectares do centro da Feira e envolver o trabalho diário de cerca de 2.200 pessoas.

Essa equipa assegura até dia 13 o funcionamento no recinto de 16 áreas temáticas, 22 tabernas e restaurantes, e 56 bancas de mercado, assim como a apresentação de 103 espectáculos a cada jornada, vários dos quais protagonizados por personagens alusivas à regência do Mestre de Avis no período de 1385 a 1433, como o general Nuno Álvares Pereira e a rainha Filipa de Lencastre.

"Esta é uma edição que promete, pelas novidades que traz, pelas novas linguagens artísticas que introduz, pela dimensão internacional que conquista, pela reorganização do espaço e dos horários, e pelo reforço dos conteúdos", declara à Lusa o presidente da autarquia, Emídio Sousa.

Na sua 26.ª edição, a Viagem Medieval alarga e uniformiza o seu horário, que é agora das 12h às 00h30 tanto nos dias úteis como ao fim-de-semana, mas mantém os preços de 2022.

Uma das novidades do cartaz de 2023 é o regresso dos torneios equestres, numa liça montada para o efeito nas margens do rio Cáster e com capacidade para 730 espectadores em cada uma das três sessões diárias. A das 12h30 é vocacionada para o público infantil e recria um despique entre escudeiros, a das 17h reforça o carácter bélico e retrata o adestramento de infantes para uma expedição secreta a Ceuta, e a das 22h30 exibe justas de cortesia entre cavaleiros de linhagem, assim como escaramuças entre a bancada régia e a "ala dos enamorados" (que era a designação dos soldados mais jovens de Aljubarrota).

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Os torneios estavam ausentes do evento há oito anos e foram retomados "porque o público assim o pediu" NELSON GARRIDO (ARQUIVO)

Paulo Sérgio Pais, que assume a coordenação geral da Viagem enquanto director executivo da empresa municipal Feira Viva, recorda que os torneios estavam ausentes do evento há oito anos e foram retomados "porque o público assim o pediu". O regresso desse formato justifica-se ainda com o facto de a 26.ª edição abordar "um período histórico marcado pela guerra civil, pela crise dinástica e pelas batalhas em que Portugal defendeu a sua independência de Castela".

A mais emblemática dessas lutas foi a de Aljubarrota, que todos os dias, a partir das 23h30, será encenada na Batalha Real a disputar junto ao rio Cáster. Esse espectáculo de grande formato recriará a táctica do quadrado, estratégia de disposição militar com que Nuno Álvares Pereira garantiu ao exército português a vitória sobre o inimigo espanhol, mesmo sendo esse superior em efectivos e armamento.

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Viagem Medieval regressa a Santa Maria da Feira de 2 a 13 de Agosto NELSON GARRIDO (ARQUIVO)

Outra proposta em destaque na Viagem de 2023 é relativa ao Castelo da Feira, que, embora sujeito a obras, vai acolher todas as noites três sessões do espectáculo de video mapping Além das Muralhas, que em 10 minutos contará a história desse monumento, do território em que ele se insere e do país que representa.

Também para divulgar diariamente a história da Segunda Dinastia, o Salão Nobre da Câmara Municipal da Feira transformar-se-á nas Cortes de Coimbra, em que D. João I, filho ilegítimo de D. Pedro I, é aclamado como seu sucessor, e a Praça dos Choupos servirá de ponto de partida ao cortejo itinerante Momentos d'El Rei, alusivo a diferentes episódios do reinado do monarca que ficou conhecido como "O da Boa Memória".

Viagem Medieval aposta em canto gregoriano, dança simultânea e banda sonora original

Este ano, o evento reforça ainda a sua componente musical com um coro gregoriano de 40 vozes, uma banda sonora original e quatro palcos para dança simultânea às 20h.

A empresa municipal Feira Viva, responsável pela coordenação do evento, desenvolveu este ano três novos projectos, a começar pelo Ecos Gregorianos, que, tendo como principal cenário a Igreja Matriz e os claustros do Museu Convento dos Loios, todos os dias apresentará cânticos litúrgicos católicos.

Essas actuações serão protagonizadas por mais de 40 cantores de quatro colectivos musicais do município - o Coro da Tuna Mozelense, o Mediaevus Chorus, o Coro da Juventude de Sanguedo e o Coro Gregoriano do Fórum Ambiente e Cidadania - e todos esses intérpretes irão envergar trajes monásticos inspirados nos antigos hábitos dos Cónegos Seculares de São João Evangelista, também chamados Cónegos Azuis, que estiveram na génese do Convento dos Loios.

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Este ano, o evento reforça a componente musical, com três novos projectos NELSON GARRIDO (ARQUIVO)

"Vamos cantar um repertório muito específico, de uma época em que ainda não havia composições assinadas, porque todo esse trabalho criativo era considerado obra e graça de Deus. São canções que foram concebidas para estar ao serviço da palavra, acompanhando o rito litúrgico, e continuam a usar-se ainda hoje nas eucaristias, pela ligação que têm a certos actos da celebração religiosa", explica à Lusa o maestro Fernando Cruz.

Sem acompanhamento instrumental e sempre em uníssono, como se verificava na Idade Média, os 40 elementos do novo coro gregoriano darão assim a ouvir três hinos num pequeno cortejo em torno dos claustros dos Loios e daí seguirão para a Igreja Matriz, onde se dedicarão à Oração da Noite, interpretando As Completas.

Já no que se refere à nova banda sonora da Viagem, resulta de uma encomenda ao compositor Zé Tó Lemos e consiste em 20 minutos de criações instrumentais destinadas a ambientar os torneios do evento e os seus espectáculos de grande formato. "É música totalmente original, mas que respeita o estilo medieval e que foi pensada para cenários dramáticos, episódios militares, momentos festivos e vitoriosos", revela o director executivo da Feira Viva, Paulo Sérgio Pais.

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Com o Folguedo na Praça, a ideia é que "as pessoas estejam a dançar a mesma música, ao mesmo tempo e, sobretudo, com o mesmo espírito de festa" NELSON GARRIDO (ARQUIVO)

Quanto ao projecto Folguedo na Praça, envolve quatro palcos distintos do centro histórico da cidade - a Praça Nova, a da Câmara, a do Canastro e a do Castelo - e terá início sempre às 20h, quando os sinos da Igreja Matriz começarem a repicar. Perante esse sinal, os bailarinos dos grupos MD5, Scalarium, Volarius e D'Way assumem posições nas referidas praças e começam o seu bailado, "abrindo as hostes dessa celebração colectiva e chamando o público a participar".

O objectivo, diz Paulo Sérgio Pais, é que em todo o recinto "as pessoas estejam a dançar a mesma música, ao mesmo tempo e, sobretudo, com o mesmo espírito de festa".

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