Poucas semanas depois de ter afirmado que iria reduzir a sua zona de baixas emissões (LEZ), o novo governo de coligação de direita da cidade espanhola de Valladolid está a apelar às pessoas para deixarem de usar carros particulares devido aos elevados níveis de contaminação por ozono.
O ar quente provocado pela vaga de calor que afecta o sul da Europa fez com que os níveis de ozono na atmosfera ultrapassassem, pelo terceiro dia consecutivo, o limiar máximo e que exige a redução da utilização de automóveis, informou a Câmara Municipal em comunicado.
"Os veículos de combustão emitem poluentes que contribuem significativamente para a formação de ozono na atmosfera... É importante que a utilização de veículos de combustão para o transporte privado seja reduzida ao máximo para não desencadear medidas mais restritivas", acrescentou.
A Espanha, como muitas outras partes do mundo, está a sofrer uma onda de calor que fez com que algumas cidades e regiões batessem recordes de temperatura máxima nos últimos dias.
O novo governo de coligação de Valladolid, constituído pelo Partido Popular (PP), conservador, e pelo Vox, de extrema-direita, que assumiu o poder na sequência das eleições autárquicas de Maio, afirmou que iria reduzir a LEZ da cidade, argumentando que Valladolid tem baixos níveis de poluição.
Valladolid também planeia redireccionar as pistas para bicicletas e autocarros para melhorar o tráfego congestionado, negando as alegações de grupos de ciclistas de que se trata de uma forma dissimulada de as encurtar.
Com as sondagens a indicarem um governo de coligação PP/Vox como o resultado mais provável das eleições nacionais do próximo domingo, teme-se que estas reviravoltas em várias cidades onde governam possam sinalizar o que poderia ser uma mudança mais ampla na política de alterações climáticas de Espanha.
Questionado pela Reuters sobre se seria contraditório reduzir a LEZ e, ao mesmo tempo, pedir aos residentes que reduzam a utilização de automóveis, o gabinete do presidente da câmara respondeu que "é normal que os níveis máximos... aumentem durante episódios de temperaturas elevadas".
A câmara deixou ainda um apelo aos grupos vulneráveis, como as pessoas com asma ou outras doenças respiratórias, para que tomassem os seus medicamentos e considerassem a possibilidade de reduzir a actividade ao ar livre.