Tubarão-frade. De onde vem e o que come este gigante fotografado em Viana do Castelo

São extremamente grandes, mas inofensivos. Alimentam-se principalmente de plâncton e preferem as águas frias. Podem ser encontrados em quase todo o mundo, mas é difícil avistá-los.

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O tubarão-frade é o segundo maior tubarão do mundo, capaz de atingir os 9,8 metros de comprimento DIRECÇÃO-GERAL DE RECURSOS NATURAIS, SEGURANÇA E SERVIÇOS MARÍTIMOS/FACEBOOK
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O tubarão-frade que foi fotografado Nesta semana em Viana do Castelo pertence à segunda maior espécie de tubarões do mundo, mas é completamente inofensivo e pode ser encontrado em quase todo o mundo. Os avistamentos são, no entanto, mais raros, explica ao PÚBLICO Catarina Santos, bióloga, investigadora e docente do Departamento de Biologia Animal da Universidade de Lisboa.

O que mais se sabe sobre este "tubarão icónico"? O tubarão-frade (Cetorthinus maximus) é mais conhecido pela sua designação anglo-saxónica, basking shark, e é capaz de atingir os 9,8 metros de comprimento. Está apenas abaixo do tubarão-baleia, que pode atingir os doze metros.

"Apesar do tamanho são completamente inofensivos. Alimentam-se de plâncton, que filtram constantemente, com a boca aberta, enquanto se deslocam. Os seus dentículos apenas atingem alguns milímetros e conseguem filtrar milhões de litros de água por hora. Trata-se de um tubarão extremamente comum, no sentido em que é encontrado em praticamente todo o mundo, sobretudo em águas frias, que é onde ele surge à superfície. Em águas mais quentes, tende a descer e pode ir até aos 1200 metros de profundidade para procurar águas mais frias", explica a também investigadora do MARE Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.

Catarina Santos refere que esta é uma espécie ameaçada porque se alimenta à superfície e, como tal, podem registar-se choques com embarcações. "É um tubarão que, do ponto de vista turístico, tem atraído cada vez mais pessoas, nomeadamente ali na zona da Escócia e norte de França. São animais que nadam em grupo e há quem faça excursões para os ver." Mas não é muito comum serem avistados em Portugal. "Eles estão sempre lá, o que é difícil é ter alguém para os avistar quando estão a nadar à superfície. Eles vão até ao oceano aberto, mas alimentam-se muitas vezes em zonas costeiras, desde a plataforma continental até à costa. Não é muito comum estarem muito próximos da costa, mas podem, por vezes, ser vistos a partir de praias".

O tubarão-frade migra de norte para sul, geralmente à volta das ilhas britânicas e do Mar do Norte, durante o Verão. No Inverno, regressa às águas mais profundas. Pode ser visto no Japão, na China e nas Coreias, assim como na parte ocidental e sul da Austrália e do Equador ao Chile, na parte oriental do Atlântico.

A bióloga aponta ainda que estes tubarões não representam qualquer tipo de ameaça para as pessoas e "não têm qualquer interesse" em aproximar-se dos seres humanos. "Mas também não são um animal que se sinta ameaçado pela presença de seres humanos porque são muito grandes. Não são um animal necessariamente curioso, estão na vida deles, não são perigosos. Claro que nunca é boa ideia aproximar-se muito. Têm caudas grandes, podem causar algum desconforto a quem esteja perto."