Calor no mar: corais da Florida em risco por causa das altas temperaturas

Já foram observados fenómenos de lixiviação em corais na costa do arquipélago de Florida Keys. Investigadores tentam repovoar colónias usando corais resistentes.

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A ilha Islamorada, em Florida Keys, onde já foram identificados corais que sofreram lixiviação Sentinela-2/Copérnico/União Europeia
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As temperaturas recordes que têm sido medidas à superfície do mar já estão a ter um impacto negativo nos recifes de coral na Florida, mais precisamente no arquipélago Florida Keys, uma série de pequenas ilhas que formam uma linha no extremo Sul do estado norte-americano.

Numa fotografia de satélite obtida pelo Sentinela-2, do programa europeu Copérnico, é possível observar a Islamorada, uma das ilhas de Florida Keys, onde já foi observado recentemente casos de lixiviação dos corais, um processo onde estes organismos simbiontes ficam brancos.

Os corais são animais marinhos invertebrados que formam uma relação simbiótica com organismos unicelulares capazes de realizar fotossíntese, que lhes dão alimento e cor. As colónias estão fixas no substrato e o ecossistema que vão criando ao longo dos anos torna-se num habitat para muitas espécies marinhas e ajuda a proteger as linhas costeiras de tempestades.

No entanto, quando a temperatura do mar sobe acima de um determinado nível, as microalgas que preenchem os corais podem perder os pigmentos ou simplesmente saírem dos corais, deixando-os brancos e muito vulneráveis. Este processo de lixiviação, associado ao aquecimento global, pode levar à morte de colónias inteiras. Como tem ocorrido na Grande Barreira de Coral, ao largo da costa da Austrália.

No caso da Florida, nas últimas semanas têm sido registadas temperaturas da superfície do mar altas, atingindo valores na ordem dos 35 graus Celsius, de acordo com a agência norte-americana oceânica e atmosférica (NOAA, sigla em inglês). Durante esta altura do ano, as temperaturas médias do mar variam entre os 22 e os 31 graus.

“No último ano tem sido realmente deprimente porque observámos muitas mudanças”, diz Michael Studivan, cientista do Programa de Saúde dos Corais e Monitorização da NOAA. “Já andamos a monitorizar locais de Miami há cinco anos, e estamos a começar a observar mudanças nesses locais”, adianta à Reuters.

Uma das formas que os investigadores têm tentado contrariar a situação de lixiviação é através do repovoamento de colónias. Tanto a NOAA como o Laboratório Marinho Mote e Aquário, na Florida, estão a cultivar fragmentos de corais em viveiros para encontrar as colónias viáveis para serem reintroduzidas no habitat natural, adianta a Reuters.

“Queremos restaurar os corais nestes recifes de forma a que eles próprios comecem a replicar-se”, explica Michael Crosby, presidente do Laboratório Marinho Mote e Aquário.

Allyson DeMerlis, investigadora de doutoramento da agência norte-americana oceânica e atmosférica, retira amostras de corais que colocou em Dezembro de 2022 e agora estão lixiviados, na costa da Florida MARIA ALEJANDRA CARDONA/Reuters
Corais que estão saudáveis habitam lado a lado com corais brancos, que sofreram a lixiviação, perto do Porto de Miami, na Florida MARIA ALEJANDRA CARDONA/Reuters
Cientistas-cidadãos dos laboratórios Mote, na Florida, colocam novos corais nos recifes vulneráveis do arquipélago de Florida Keys MARIA ALEJANDRA CARDONA/Reuters
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Allyson DeMerlis, investigadora de doutoramento da agência norte-americana oceânica e atmosférica, retira amostras de corais que colocou em Dezembro de 2022 e agora estão lixiviados, na costa da Florida MARIA ALEJANDRA CARDONA/Reuters

Entretanto, no Porto de Miami, que fica logo a norte do arquipélago de Florida Keys, foram descobertas colónias de corais saudáveis, apesar das altas temperaturas. “Estamos a tentar perceber como é que estes corais foram capazes de sobreviver e se podemos ou não usar esses mesmos mecanismos para que eles façam parte do restauro dos corais”, explica Michael Studivan. “Retiramos corais da zona do porto e trazemos e repovoamos alguns dos nossos recifes que têm sido dizimados.”

Nos próximos meses os recifes de coral na região costeira da Florida vão estar submetidos ao risco máximo de lixiviação por causa das altas temperaturas, de acordo com a monitorização feita pela NOAA.