Eleições em Espanha: últimas sondagens colocam direita à beira da maioria absoluta
Pedro Sánchez critica empresas de sondagens, afirmando que há uma tentativa de desmobilizar o eleitorado progressista.
Com a maioria das sondagens a colocarem a direita à beira da maioria absoluta nas eleições do próximo dia 23 em Espanha, o líder do PSOE e presidente do Governo, Pedro Sánchez, criticou nesta segunda-feira as empresas responsáveis pelos inquéritos de opinião, afirmando que há uma tentativa de desmobilizar o eleitorado progressista.
Numa entrevista à Rádio Nacional de Espanha, Sánchez alertou o eleitorado socialista para as consequências da abstenção, salientando que há muitas pessoas que decidiram que votariam numa opção de esquerda mas que não sabem se vale a pena ir às urnas.
“Por causa desta cascata de sondagens, há uma tentativa de desmobilizar o eleitorado progressista”, disse o líder do PSOE em Bruxelas, onde decorre a cimeira entre a UE e a Comunidade dos Estados da América Latina e Caraíbas, antes de participar à noite num comício de campanha na cidade de Huesca.
As últimas sondagens permitidas pela lei espanhola antes das eleições legislativas antecipadas de 23 de Julho colocam a direita à beira da maioria absoluta, com o Partido Popular (PP) à frente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), mas a precisar, no mínimo, do apoio do Vox, de direita radical, para poder governar.
De acordo com as principais empresas de sondagens espanholas, que estão proibidas de publicar inquéritos de opinião a partir desta terça-feira, o PP conquistaria entre 131 e 151 dos 350 assentos na Câmara dos Deputados, ficando aquém dos 176 necessários para chegar a uma maioria absoluta.
Enquanto várias sondagens mostravam que o Vox obteria lugares suficientes para garantir à direita uma maioria conjunta, a média de todas as sondagens divulgadas esta segunda-feira pelos institutos GAD3, 40db, IMOP, Sigma 2 e Simple Logica mostra que PP e Vox obteriam 139 e 36 lugares, respectivamente, ficando a um assento parlamentar da maioria absoluta.
O PSOE obteria entre 98 e 115 deputados, segundo as sondagens, cujas projecções apontam para uma média de 108 lugares. Já o Sumar, a nova aliança de partidos de extrema-esquerda, que inclui o Podemos, o parceiro júnior da actual coligação governamental, obteria entre 25 e 39 lugares, disputando o terceiro lugar com o Vox.
A excepção — e esperança do PSOE — vem do Centro de Investigações Sociológicas (CIS), organismo público ligado ao Ministério da Presidência, que coloca o PSOE 1,4 pontos à frente do PP nas estimativas de voto, dando 32,2% aos socialistas contra 30,8% dos populares. O Sumar aparece como a terceira força política mais votada, com 14,9%, à frente do Vox, com 11,8%.
Na sondagem do CIS, a esquerda soma 47,1%, mais 4,5 pontos do que a direita, que se situaria nos 42,6%.
A para já hipotética aliança entre o PP e o Vox poderá levar o líder popular, Alberto Nuñez Feijóo, a tornar-se chefe de governo, mas muito dependerá de quem ficar em terceiro lugar em várias províncias, e de quantos deputados elegerem alguns dos partidos regionais que apoiaram a coligação minoritária de Sánchez nos últimos quatro anos.
Feijóo tem-se mostrado reservado quanto à possibilidade de selar uma aliança pós-eleitoral com o Vox, apesar de os dois partidos se terem juntado em várias regiões e em muitos municípios após as eleições autárquicas de 28 de Maio, quando a coligação governamental sofreu uma derrota pesada. No dia seguinte, Sánchez anunciou a antecipação das legislativas, inicialmente marcadas para Dezembro, numa tentativa de mobilizar o eleitorado de esquerda para impedir a extrema-direita de chegar ao poder.
Esta segunda-feira, o líder do PP voltou a não abrir o jogo quanto a um acordo pós-eleitoral com o Vox, garantindo que, se ganhar as eleições com um resultado “suficientemente claro”, pedirá ao PSOE que o deixe governar.
“O que o PSOE quer é governar contra quem ganhar e não deixar que quem ganhar governe. E para isso precisa de todo o arco parlamentar. Se tivermos um resultado suficientemente claro e decisivo, baterei à porta do PSOE para me deixar governar”, declarou Feijóo numa entrevista à TVE.
Notícia corrigida no dia 18 às 15h50: Pedro Sánchez não cancelou parte da agenda em Bruxelas para participar num comício em Huesca.