Carlos Alcaraz inicia uma nova era em Wimbledon

O espanhol terminou a série de 34 encontros ganhos pelo sérvio no torneio britânico para conquistar o segundo título do Grand Slam.

Foto
Carlos Alcaraz vitorioso em Wimbledon Reuters/DYLAN MARTINEZ
Ouça este artigo
00:00
04:15

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

Está terminado o domínio do Big 4 no Torneio de Wimbledon. Pela primeira vez desde 2002, o nome do campeão masculino não é Novak Djokovic, Roger Federer, Rafael Nadal ou Andy Murray, mas sim o de Carlos Alcaraz que, aos 20 anos, é o mais jovem detentor dos títulos de Wimbledon e US Open. E também o terceiro espanhol a triunfar em Wimbledon, sucedendo a Manolo Santana (1966) e Rafael Nadal (2008 e 2010).

“É um sonho tornado realidade, ser campeão de Wimbledon é algo que sempre quis. Sinceramente, não esperava consegui-lo tão cedo. E bater Novak no seu melhor, neste palco, fazendo história ao ser o primeiro a derrotá-lo após 10 anos imbatível neste court é espantoso”, disse o tenista de El Palma, depois de vencer, por 1-6, 7-6 (8/6), 6-1, 3-6 e 6-4.

Alcaraz acabou por prevalecer ao fim de 4h40m e cinco sets sobre o experiente Djokovic, que procurava o 24.º título do Grand Slam – e igualar Margaret Court, a única com este registo – e o oitavo em Wimbledon – e igualar o recorde de Federer. Mas o sérvio de 36 anos deixou escapar alguns pontos importantes, no tie-break e no início da derradeira partida.

Alcaraz demorou a entrar em jogo, o que lhe custou a partida inicial, mas, no segundo set, fez o primeiro break, para 2-0, o que elevou notoriamente os níveis de confiança. Djokovic ganhou os dois jogos consecutivos e o equilíbrio prevaleceu até que o espanhol viria a fazer um dos feitos mais difíceis nos tempos actuais e travou a série de 14 tie-breaks ganhos em majors pelo sérvio, que comandou por 3/0 e dispôs de set-point a 6/5.

A confiança do líder do ranking mundial subiu ainda mais e iniciou o terceiro set a quebrar Djokovic pela segunda vez. Mais raro foi o sérvio ceder o terceiro break – tantos quantos os cedidos nas seis eliminatórias anteriores –, para 4-1, após um jogo de serviço de 27 minutos. E pior ficou para Djokovic quando entregou o set com um derradeiro jogo de serviço em que ganhou somente um ponto.

O campeão do Open da Austrália e de Roland Garros este ano e actual número dois mundial reagiu e com um break no quinto jogo desequilibrou o quarto set. Só que no início do set decisivo, desperdiçou um break-point e foi Alcaraz a fazer o break em primeiro lugar, para 2-1. Em sinal de enorme frustração, Djokovic desfez a raqueta, batendo com ela no poste da rede.

Foi então que se viu o melhor de Alcaraz mostrando uma grande maturidade, cedendo somente mais cinco pontos no seu serviço e impondo o seu ténis agressivo, somando 18 winners (de um total de 66) nesse set, no qual cometeu apenas cinco erros directos.

“Mérito do Carlos, excelente atitude nos momentos importantes. Para alguém da idade dele, lidar com os nervos assim, jogar um ténis agressivo e fechar o encontro como fez…”, elogiou Djokovic, que viu terminada a sua série de 34 encontros ganhos em Wimbledon.

A postura de Alcaraz foi bem diferente da exibida no duelo travado em Roland Garros, em que cedeu mental e fisicamente a Djokovic em quatro sets (6-3, 5-7, 6-1 e 6-1). “Sou um jogador totalmente diferente e cresci muito desde esse momento, aprendi muito. Preparei-me mentalmente de forma um pouco diferente e pude lidar melhor com a pressão”, explicou o terceiro mais jovem campeão de singulares masculinos em Wimbledon na Era Open – mais velho que Bjorn Borg (1976) e Boris Becker (1985) – e o primeiro a derrotar três top 10 a caminho do título, desde Pete Sampras, em 1994 (Michael Chang, Todd Martin e Goran Ivanisevic).

Nos pares masculinos, Neal Skupski é o primeiro britânico desde 2012 a conquistar o título, ao lado do neerlandês Wesley Koolhof, enquanto nos pares femininos, Barbora Strycova despediu-se de Wimbledon com um segundo título ao lado de Hsieh Su-Wei, também de 37 anos. Nos pares mistos, o título foi para a ucraniana Lyudmyla Kichenok e o croata Mate Pavic, ambos de 30 anos.

Nos torneios de juniores, Henry Searle, nascido há 17 anos em Wolverhampton, tornou-se no primeiro britânico a conquistar o título masculino desde 1962, enquanto a prova feminina foi ganha, sem perder um set, pela norte-americana Clevrvie Ngounoue, de 16 anos.

Sugerir correcção
Ler 7 comentários