Itália reclama ao Louvre sete peças da Antiguidade

Ministro da Cultura italiano entregou lista de obras que passaram pelas mãos de traficantes de arte antes de chegarem ao museu francês.

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A Galeria Campana, no Louvre, dedicada à cerâmica da Antiguidade grega DR
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A directora do Louvre, em Paris, Laurence des Cars, confirmou à AFP ter recebido do Ministério da Cultura de Itália um pedido de devolução de sete peças da Antiguidade que teriam sido pilhadas antes de o museu francês as ter adquirido, nos anos 80 e 90.

“Considero que obras de proveniência duvidosa são uma mancha nas colecções do Louvre”, disse à AFP a responsável do museu, prometendo examinar esta reclamação com “rigor e lucidez”.

A informação de que a Itália procurava reaver estas peças já fora adiantada pelo diário Le Monde, segundo o qual está em curso uma investigação para determinar com exactidão o trajecto seguido por estas antiguidades antes de chegarem ao Louvre. Um processo, adianta o jornal, que “poderá desembocar num acordo histórico entre a França e a Itália”, levando à devolução das peças, possivelmente ainda este Outono.

Uma porta-voz do Louvre disse à AFP que a lista das antiguidades em causa foi comunicada pelo ministro da Cultura italiano, Gennaro Sangiuliano, quando este se deslocou a França, em Fevereiro, para preparar a exposição Nápoles em Paris: o Louvre Convida o Museu de Capodimonte.

Integradas nas colecções de antiguidades gregas, etruscas e romanas do Louvre, que as adquiriu entre 1982 e 1995, todas as peças têm em comum o facto de terem passado pelas mãos de três conhecidos marchands italianos, dois deles condenados por tráfico de arte e antiguidades – Giacomo Medici e Gianfranco Becchina –, e um terceiro, Edoardo Almagia, suspeito de o ter praticado em larga escala. Do lote de antiguidades confiscadas de museus e colecções privadas americanas e devolvidas à Itália no final de 2021, uma centena e meia de peças tinha passado pelas mãos de Almagia.

Segundo o Le Monde, das peças agora reclamadas ao Louvre, a mais relevante é uma ânfora do século V a.C. atribuída ao chamado “pintor de Berlim”, como ficou conhecido um pintor de cerâmica ateniense, anónimo, cujo estilo foi identificado em quase 300 vasos áticos, completos ou fragmentários, hoje espalhados por colecções públicas e privadas de todo o mundo. O nome foi-lhe dado pelo historiador de arte e arqueólogo John Davidson Beazley por ter sido numa peça conservada em Berlim que a sua autoria foi pela primeira vez identificada.

A lista das peças que Itália quer reaver inclui ainda vasos atribuídos ao "pintor de Ixion", do século IV a.C., e outros ao estilo do "pintor de Antimenes", que terá estado activo no final do século VI a.C. e cuja técnica se caracterizava pelo uso de figuras negras na cerâmica.

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