FTC quer saber se ChatGPT desrespeita a privacidade e difama utilizadores

A agência norte-americana que regula o comércio quer que a OpenAI partilhe todas as queixas que recebe sobre “declarações falsas” no ChatGPT.

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Sam Altman, presidente executivo da OpenAI Kevin Dietsch/Getty Images
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A agência norte-americana que regula o comércio, a Federal Trade Commission (FTC), abriu uma investigação a fundo à criadora do ChatGPT, a OpenAI. O objectivo é perceber se a empresa violou as leis de protecção do consumidor, colocando em risco dados pessoais e propagando informação falsa sobre cidadãos nos Estados Unidos. A informação foi avançada esta quinta-feira pelo jornal norte-americano The Washington Post que partilha um pedido de esclarecimento da FTC endereçado à OpenAI.

No documento, com mais de 20 páginas, a FTC pede à OpenAI descrições personalizadas das queixas recebidas sobre “declarações falsas, enganosas, depreciativas ou prejudiciais” feitas pelo ChatGPT que podem ter provocado danos reputacionais. O regulador norte-americano também pede que a OpenAI partilhe mais informação sobre uma falha, em Março, que permitiu que alguns utilizadores vissem dados das conversas e detalhes de pagamentos de outras pessoas.

O PÚBLICO contactou a equipa da OpenAI para mais informação, mas não obteve resposta até à hora de publicação deste artigo. Em Maio, o presidente executivo da OpenAI, Sam Altman, admitiu que os novos modelos de inteligência artificial (IA) podem ser usados para manipular o resultado de eleições e defendeu a criação de uma agência para licenciar o uso da tecnologia e recompensar empresas com boas práticas de IA.

"Precisamos de regras, directrizes, sobre o que se espera em termos de divulgação de uma empresa que fornece um modelo", admitiu Altman num depoimento no Senado dos Estados Unidos.

Ao final do dia de sexta-feira, o director executivo da OpenAI partilhou no Twitter estar decepcionado pelo facto de a FCT desencadear o processo a partir de uma fuga de informação, "o que não ajuda a construir confiança". Sam Altman reafirma que a tecnologia "é segura e pró-consumidor" e que a empresa vai colaborar com a FCT no processo.

A investigação da FTC à OpenAI surge numa altura em que novos chatbots de inteligência artificial generativa estão sob escrutínio de legisladores e reguladores devido às suas capacidades. Os sistemas baseiam-se na tecnologia dos transformers, que são modelos linguísticos criados para encontrar padrões em enormes sequências de dados e perceber qual é a melhor forma de completar o padrão.

A União Europeia está actualmente a preparar um Regulamento para a Inteligência Artificial que deve garantir que os sistemas desenvolvidos e utilizados na Europa respeitam os valores e direitos da UE, incluindo a privacidade, igualdade, segurança e o bem-estar social e ambiental.

Washington concorda com os princípios da União Europeia, mas a prioridade dos legisladores norte-americanos é a manutenção da competitividade do país, que é casa gigantes como a Google e Microsoft. "É uma falsa escolha sugerir que ou se avança com a inovação ou se protegem os consumidores. Podemos fazer as duas coisas", frisou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, em declarações a jornalistas depois de uma sessão dedicada aos riscos da inteligência artificial que aconteceu esta semana na Casa Branca.


Noticia actualizada com a reacção do director executivo da OpenAI

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