A condenação do prevaricador

O choro da Sãozinha, muito baixinho, contrastava com a histeria da condenação do prevaricador.

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Os gritos da irmã ecoavam nas paredes fazendo ouvir por todo o edifício a condenação do prevaricador, e, da mesma forma que aleijavam fisicamente e psicologicamente a Sãozinha, agrediam também os ouvidos das outras meninas, pois os gritos perfuram tudo, e tendem a alojar-se na alma, são como nódoas, custam a sair, acabando por corromper a infância e revestindo a idade adulta da ilusão de autoridade; acumulam-se até existir uma relação hierárquica que permita usá-los, despoticamente de cima para baixo e emudecidos ou tímidos de baixo para cima, que se engolem, por vezes por vergonha ou para não incomodar ou por medo de piorar a situação. O choro da Sãozinha, muito baixinho, contrastava com a histeria da condenação do prevaricador, e, quando os gritos pararam, só restaram uns soluços que as meninas na camarata ouviam no escuro, os soluços que restaram do choro.

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