Sudão: ONU denuncia valas comuns com pelo menos 87 mortos no Darfur
Segundo as Nações Unidas, 87 pessoas de etnia massalite, incluindo sete mulheres e sete crianças, foram enterradas em duas valas comuns, depois de terem sido mortas em Junho pelas RSF.
Pelo menos 87 pessoas foram enterradas em duas valas comuns na região de Darfur, no Sudão, depois de mortos pelos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF), anunciaram esta quinta-feira as Nações Unidas.
"Os habitantes locais foram obrigados a desfazer-se dos corpos em valas comuns, negando aos mortos um enterro decente num dos cemitérios da cidade", diz a ONU num comunicado emitido a partir de Genebra.
Segundo a mesma fonte, 87 pessoas de etnia massalite, incluindo sete mulheres e sete crianças, foram enterradas em duas valas comuns, depois de terem sido mortas em Junho pelas RSF e pelas milícias que apoiam este grupo paramilitar que tem combatido o exército desde que a violência eclodiu neste país africano, em 15 de Abril.
"Condeno, nos termos mais fortes, a morte destes civis, e estou ainda mais chocado pela maneira desrespeitosa como os mortos, juntamente com as suas famílias e comunidades, foram tratados", disse o alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, citado no comunicado.
"Tem de haver uma investigação independente, rápida e exaustiva a estas mortes, e os mandantes têm de ser responsabilizados", acrescentou.
De acordo com os relatos recolhidos pela ONU, que os considera credíveis, os corpos dos combatentes mortos são deixados nas ruas e os familiares são proibidos de os recolher pelas RSF, por vezes durante mais de uma semana, ao mesmo tempo que os feridos são impedidos de receber assistência médica.
As regras humanitárias internacionais e de direitos humanos definem que todas as partes num conflito têm de garantir que os feridos recebem assistência médica, lembra a ONU, concluindo que a liderança das RSF tem de imediata e inequivocamente condenar e parar a matança de pessoas, a violência e o discurso de ódio com base na sua etnicidade.
O conflito no Sudão, marcado por intensa ferocidade e acentuar da crise humanitária na região, iniciou-se em 15 de Abril e opõe o exército regular, liderado pelo “homem forte” do país, general Abdel Fattah al-Burhan, ao grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), comandado pelo também general Mohamed Hamdane Daglo.
O conflito fez, até agora, mais de 1100 mortos, segundo o Ministério da Saúde sudanês, mas os números reais podem ser muito mais elevados, dada a violência intercomunitária desencadeada nas regiões do Darfur e do Cordofão.
De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 2,9 milhões de pessoas foram deslocadas, incluindo cerca de 700.000 que fugiram para países vizinhos.