Depois de dois anos em queda, população da UE volta a crescer. Portugal é um exemplo

Crescimento é atribuído à entrada de imigrantes na região e também do enorme influxo de refugiados da Ucrânia, depois da invasão do país pela Rússia, em Fevereiro de 2022

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Portugal é um dos países em que a população cresceu, exclusivamente graças aos imigrantes. NUNO FERREIRA SANTOS
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Depois de dois anos em queda, por causa da pandemia de covid-19, a população da União Europeia (UE) voltou a crescer em 2022, em quase 1,7 milhões de pessoas. Mas este aumento geral deve-se, quase exclusivamente, à entrada de imigrantes e também ao “influxo maciço de pessoas deslocadas da Ucrânia”, já que o saldo natural dos países continuou a ser negativo na grande maioria dos 27 Estados-membros, revelou esta terça-feira o Eurostat. Portugal é um dos países em que a população cresceu, exclusivamente graças aos imigrantes.

Os dados do Eurostat, revelados neste Dia Mundial da População, indicam que depois de um declínio populacional de dois anos, registados em 2020 e 2021, o número de residentes na UE voltou a crescer. Éramos cerca de 446,7 milhões a 1 de Janeiro de 2022 e, um ano depois, o valor subiu para 448,4 milhões. Uma mudança que não foi idêntica para todos os países, já que sete países perderam mesmo população ao longo do ano, tendo o aumento sido registado nos restantes 20.

Entre estes está Portugal que, tal como o Instituto Nacional de Estatísticas já tinha revelado no final do ano, tinha nessa altura cerca de 10.467,4 milhões de pessoas. Um ano antes, a 1 de Janeiro de 2022, a população do país não ia além dos 10.352 milhões. Ou seja, os imigrantes (e o ajustamento estatístico, ressalva o Eurostat) foi responsável exclusivo pelo aumento de cerca de 156 mil pessoas, já que o saldo natural do país continuou a ser negativo: 83.700 nascimentos para 124.300 óbitos.

Tal como Portugal, e olhando para os países da UE, também a Alemanha, Áustria, Chéquia, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, Letónia, Lituânia, Países Baixos e Roménia viram a sua população aumentar exclusivamente graças à entra de imigrantes nos seus territórios. Não há qualquer país que tenha registado um aumento populacional exclusivamente resultante de um aumento do seu saldo natural (mais nascimentos do que mortes).

Entre os países que viram a população crescer numa combinação de imigração (maior contributo) e saldo natural positivo estão a Bélgica, Chipre, França, Irlanda, Luxemburgo, Malta e Suécia.

Já na lista de países elevados pelo Eurostat que viram a sua população decrescer, contrariando a tendência geral da UE, estão a Bulgária, Eslováquia, Grécia, Hungria, Itália e Polónia (exclusivamente por causa do saldo natural negativo).

Desde 2012 que a UE quebrou a tendência de ter um saldo natural positivo para passar para o negativo, o que significa que desde essa altura que o número de mortes tem ultrapassado os nascimentos. Contudo, a entrada de imigrantes na região foi conseguindo estancar essa perda populacional, garantindo que a população global da UE continuava a crescer, embora a um ritmo mais lento do que aquele que tinha registado, por exemplo, na década de 1960.

Mas a pandemia de covid-19 levou a uma paragem, primeiro, e diminuição, depois dos movimentos migratórios, fazendo com que a população global da UE tenha decrescido em 2020 e 2021. A tendência foi agora invertida, com força suficiente para ultrapassar de novo a influência negativa do saldo natural da região.

Segundo o Eurostat, ao longo de 2022, foram registados 5,15 milhões de mortes na UE e apenas 3,86 milhões de nascimentos, o que gera um saldo natural negativo de 1,3 milhões de pessoas. Contudo, a entrada de imigrantes (e o ajuste estatístico) foi de 2,9 milhões, o que, feitas todas as contas, faz com que a população tenha crescido em quase 1,7 milhões. A entrada de imigrantes “aumentou em valores absolutos de 1,1 milhões [de pessoas] em 2021 para 2,9 milhões, em 2022”, refere-se na informação divulgada esta terça-feira.

Sem previsão para que haja qualquer alteração na tendência do saldo natural da UE (ou seja, deverá manter-se negativo), o Eurostat não tem dúvidas sobre o que esperar da evolução da população na zona: “O declínio ou crescimento total da população da UE dependerá em grande medida da contribuição dos movimentos migratórios”, refere-se.

Olhando para diferentes países da UE, aquele que registou um maior aumento de população no último ano foi a Alemanha (ganhou mais de 1,1 milhões de pessoas), seguida da França (quase mais 563 mil pessoas) e a Chéquia (mais 310 mil pessoas). No lado oposto, a Itália foi o país que mais perdeu população (menos 179,4 mil pessoas), surgindo depois a Polónia (menos 136 mil pessoas) e a Bulgária (menos 34,8 mil pessoas).

O Eurostat indica que, apesar de todas as variações, apenas três países da UE albergam quase metade do total da população da região - a Alemanha, França e Itália têm 47% de todos os habitantes da UE.

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