A bizarria durou pouco na etapa 10 da Volta a França
Para Pello Bilbao, seria difícil uma etapa mais perfeita do que esta na Volta a França. O ciclista da Bahrain não só foi o vencedor do dia como deu um salto tremendo na classificação geral.
Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar estiveram em fuga na etapa 10 da Volta a França. Esta frase, escrita assim, sem contexto, seria uma total bizarria para quem siga o ciclismo e esteja a par do que se passa no Tour. Mas foi mesmo isso que aconteceu.
Num dia teoricamente pacífico para quem luta pelo triunfo final, os dois últimos campeões do Tour envolveram-se em movimentações inusitadas nos primeiros minutos da etapa, antes de tudo voltar ao normal.
Quando voltou, deu-se uma fuga – e isso, sim, era o suposto – e foi Pello Bilbao o mais forte entre os aventureiros. Foi a primeira vitória do espanhol no Tour, depois de um segundo lugar em 2019.
Para Bilbao, seria difícil uma etapa mais perfeita do que esta na Volta a França. O ciclista da Bahrain não só foi o vencedor do dia como deu um salto tremendo na classificação geral. Passou de estar fora dos dez melhores para acabar o dia em quinto lugar – e não é o tipo de ciclista que possamos presumir que está ali por mero acaso e que acabará por baixar quando a estrada inclinar.
Loucura na primeira hora
Para esta terça-feira a etapa tinha um perfil evidente de sucesso de uma fuga. Não apenas pelo perfil da tirada – com dificuldades, mas sem alta-montanha –, mas também por ser a seguir ao dia de descanso e por estarmos na segunda semana: fase em que os “voltistas” ainda não precisam de controlar tudo e fase em que já há ciclistas de bom nível com atraso grande o suficiente para lhes “darem corda”.
Porém, ao contrário do esperado, não houve o cenário óbvio de uma fuga grande desde início, com o pelotão a dar cinco ou sete minutos aos aventureiros. Houve, por outro lado, uma etapa louca na primeira hora de corrida, chegando até a haver Pogacar e Vingegaard em fuga – ambos pareceram temer uma investida de Bardet, 10.º classificado, e quiseram precaver-se.
Depois de muitas tentativas, e numa fase mais calma da tirada, a fuga do dia formou-se com 14 ciclistas, entre os quais Alaphilippe, Asgreen, Skjelmose, Chaves, O’Connor e Bilbao – este último, em 11.º, passou a ser uma ameaça para muitas equipas quando a fuga abriu a vantagem para mais de três minutos, que permitia ao espanhol escalar ao quarto lugar.
Wout van Aert e Mathieu van der Poel, numa etapa que tinha os seus nomes “escritos na testa”, estavam a sentir que estarem no pelotão num dia deste tipo era um desperdício e aventuram-se juntos, mas não conseguiram fazer a “ponte” entre o pelotão e a fuga.
O duelo pelo triunfo ficou entre um lote mais reduzido do que os 14 fugitivos iniciais, com um sprint final a seis. Foi Bilbao o mais forte, à frente de Georg Zimmermann e Ben O'Connor.
Para esta quarta-feira está desenhada uma etapa plana, perfeita para um final em pelotão compacto.