Vítimas de abuso sexual na Igreja Católica insistem que memorial é “totalmente ofensivo”

Associação Coração Silenciado descreve o memorial como uma tentativa de limpar a imagem da Igreja Católica durante a JMJ. A obra “ainda está em estudo”, mas não é consensual desde o princípio.

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Associação Coração Silenciado voltou a considerar "totalmente ofensivo" o memorial de homenagem às vítimas de abuso sexual na Igreja Católica, que seria apresentado durante a JMJ Matilde Fieschi

A porta-voz da associação Coração Silenciado insistiu esta segunda-feira que um memorial de homenagem às vítimas de abuso sexual na Igreja Católica é "totalmente ofensivo", independentemente de ser apresentado durante ou após a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

"Um memorial não faz absolutamente sentido nenhum, acho que deviam focar-se nas vítimas e não no show-off", disse Cristina Amaral.

A Conferência Episcopal Portuguesa informou esta segunda-feira que o memorial de homenagem às vítimas de abuso não vai ser apresentado na JMJ, contrariamente ao anunciado, uma vez que o projecto ainda está em estudo.

Em reacção à notícia, Cristina Amaral disse que a iniciativa serve apenas o propósito de limpar a imagem da Igreja Católica e, "quem sabe, mais uma maneira de fazer dinheiro com um monumento".

"Mais uma vez, a prioridade não são as vítimas, mas aquilo que é visto", insistiu a porta-voz.

Cristina Amaral afirmou ainda que o adiamento da apresentação do memorial, que apelida de "memorial da vergonha", foi uma opção estratégica por parte da Igreja Católica para que o projecto não fosse "ofuscado pela JMJ".

A criação do memorial e apresentação do mesmo durante a JMJ, que decorrerá em Lisboa entre 1 e 6 de Agosto, não foi consensual desde o início.