Presidente do Uzbequistão reeleito com 87% dos votos

Eleições presidenciais no país mais populoso da Ásia Central foram convocadas após reforma constitucional que permite a Mirziioiev manter-se no poder até 2037.

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Mirziyoyev chegou ao poder em 2016 após a morte de Islam Karimov Reuters/POOL
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O Presidente do Uzbequistão, Shavkat Mirziioiev, foi reeleito para um novo mandato de sete anos com mais de 87% dos votos nas eleições presidenciais antecipadas de domingo. As eleições foram convocadas na sequência de uma reforma constitucional que veio permitir que o chefe de Estado possa governar por mais dois mandatos.

Os observadores internacionais da equipa da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmaram que as eleições foram “tecnicamente bem preparadas, mas não tiveram uma competição genuína”.

A reeleição de Mirziioiev, no poder desde 2016, era quase um dado adquirido e é um reflexo do hermetismo de um regime que se mantém autoritário. “A vitória do incumbente é óbvia”, dizia à AFP o analista político Farkhod Talipov ainda antes das eleições. “Todos os outros candidatos são totalmente desconhecidos e impopulares”, acrescentou.

As eleições presidenciais foram marcadas na sequência de um referendo constitucional em Abril que alterou a duração dos mandatos do chefe de Estado de cinco para sete anos. A alteração constitucional também permitiu que Mirziioiev pudesse candidatar a mais dois mandatos, o que significa que poderá manter-se no poder até 2037.

O antigo engenheiro de 65 anos chegou ao poder em 2016 após a morte de Islam Karimov, que havia governado a antiga república soviética durante 25 anos, impondo um regime autoritário e praticamente isolado do resto do mundo. Com Mirziioiev, o Uzbequistão passou por várias transformações que suavizaram o regime político, incluindo, por exemplo, a libertação de vários presos políticos, e promoveram a abertura económica.

A aposta na continuidade da liberalização económica foi a principal promessa de Mirziioiev durante a campanha eleitoral, em que se apresentou como um reformista empenhado em fazer crescer a economia do país da Ásia Central.

Com 35 milhões de habitantes, o Uzbequistão é o país mais populoso da região e, à semelhança dos seus vizinhos, tem vastas reservas de gás natural.

Apesar do aparente sucesso da abertura económica, politicamente a evolução tem sido mais lenta. A ausência de uma oposição forte e credível tem sido apontado como o entrave mais relevante, como ficou patente nas eleições deste domingo.

Contra Mirziioiev concorreram três candidatos praticamente desconhecidos – um ex-ministro da Educação, um antigo juiz e senador, e um ex-dirigente de uma agência florestal – que protagonizaram uma campanha silenciosa, de acordo com a Rádio Europa Livre. Outros potenciais adversários de maior renome e com capacidade para serem competitivos, como o antigo reitor universitário Xidirnazar Allaqulov, viram as suas tentativas para registar uma candidatura vedadas pelas autoridades.

A eclosão da invasão russa da Ucrânia deixou o Uzbequistão, tal como os restantes Estados da Ásia Central, numa posição diplomaticamente muito sensível. Embora queira manter uma certa distância face às acções de Moscovo, estes países mantêm fortes laços económicos e políticos com a Rússia e têm sofrido danos colaterais das sanções impostas pelo Ocidente.

Um dos impactos sofridos pelo Uzbequistão é a redução das remessas em rublos dos milhões de emigrantes que vivem e trabalham na Rússia, diz a Reuters.

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