À medida que as temperaturas atingem um recorde de 40 graus Celsius em várias cidades da China, as maneiras encontradas pela população para se proteger do sol e para se manter fresca tornaram-se um assunto popular no país. Acessórios como chapéus com protecção ultravioleta (UV) e coberturas conhecidas como “facekinis”– que escondem grande parte do rosto, com excepção dos olhos – estão a ser vendidos sobretudo para mulheres que procuram protecção da cabeça aos pés.
Temperaturas acima dos 40 graus estão previstas em Pequim e no centro e Sudeste da China. Na província de Sichuan, no sudoeste, prevêem-se 39 graus. São ainda esperadas temperaturas acima dos 35 graus na maior parte do Norte da China, no restante de Sichuan e em grande parte do Sul.
A China deu ordem às empresas, de determinadas regiões, para limitar o trabalho ao ar livre, devido às altas temperaturas, numa altura em que o país enfrenta calor, inundações e secas. As autoridades emitiram um alerta laranja, o segundo nível de alerta mais alto, devido às vagas de calor registadas no Sul e em grande parte do Norte e Nordeste da China.
Perante esta onda de calor intenso, a população está a recorrer a todo o tipo de estratégias para se proteger. Na rua ou na praia, as pessoas cobrem o corpo para evitar o sol e também recorrem as máscaras ou panos para tapar a face. Os chamados "facekinis" estão de volta.
Pode parecer estranho, mas o acessório "facekini" não é uma novidade no mercado. A máscara para proteger a face do sol (e dos mosquitos, também) foi criada há bem mais de uma década. A novidade é que está de volta e parece que a "moda" ganha agora uma nova força na China, que enfrenta elevadas temperaturas debaixo de um sol escaldante.
A tendência levou a um aumento de marcas locais focadas em produtos de protecção solar, como a Bananain, Beneunder e OhSunny. Entre outras com maior dimensão, destacam-se Anta, Uniqlo, Lululemon e Decathlon, que também acrescentaram roupas à sua gama de produtos locais, como chapéus e casacos com protecção UV.
Dados da Consultoria China Insights, sediada em Xangai, mostram que o mercado chinês de vestuário de protecção solar aumentará a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR na sigla em inglês) de 9,4% de 2021 a 2026, com a dimensão do mercado a atingir 95,8 mil milhões de yuans (12,07 mil milhões de euros) em 2026.
“Preocupamo-nos com queimaduras solares e bronzeados, por isso estamos totalmente preparados”, disse uma empresária de 34 anos, referindo-se ao seu vestuário composto por um chapéu e mangas de protecção nos braços, enquanto visitava a zona turística de Qianmen, no centro de Pequim.
Muitas consumidoras do Leste asiático preferem uma pele clara, por isso os produtos de protecção solar são tão populares na China e nos países vizinhos. Os analistas afirmam que a tendência se acentuou na China neste ano.
Mercado de vestuário de protecção solar em ascensão
Dados da plataforma de compras Tmall, do grupo Alibaba, mostram que durante o Festival de Compras 618 – evento organizado pela empresa de comércio electrónico JD.com – deste ano, realizado no mês passado, as vendas de vestuário de protecção solar de “nova geração” cresceram 180% em relação ao ano anterior. O número de peças de roupas desse género compradas por consumidor foi de duas a três vezes maior que os dos anos anteriores.
Segundo a Tmall, as “máscaras de protecção solar” são também particularmente populares. Existe mesmo uma versão com a metade inferior da máscara branca e a parte superior cor-de-rosa, dando a impressão de que o utilizador está maquilhado quando visto à distância.
Li Hongmei, uma residente de Pequim de 26 anos, diz que é fã destas máscaras e que também utiliza um casaco de protecção solar quando sai de casa. “Durante a pandemia, não me maquilhava com frequência, porque utilizaria uma máscara de qualquer forma”, contou à Reuters, enquanto percorria uma prateleira de roupa de protecção solar da Adidas. “Agora estou demasiado preguiçosa para voltar à maquilhagem, prefiro colocar uma 'facekini' e sair.”