Agência nuclear da ONU não encontrou indícios de sabotagem em Zaporijjia

Kiev e Moscovo acusam-se mutuamente de preparem um ataque contra a central nuclear, mas não apresentaram publicamente provas que comprovem as alegações.

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A central nuclear de Zaporijjia é controlada pela Rússia desde os primeiros dias da invasão Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO
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As trocas de acusações entre a Ucrânia e a Rússia em torno da central nuclear de Zaporijjia continuam, embora os inspectores da autoridade para a segurança nuclear da ONU digam não ter encontrado ainda indícios que apontem para a possibilidade de uma sabotagem.

Há várias semanas que as autoridades ucranianas acusam a Rússia, que controla a central nuclear no Sul do país, de ter um plano para usar a infra-estrutura de uma forma que pode pôr em causa a sua segurança. Um incidente naquela que é a maior central nuclear na Europa teria consequências imprevisíveis e, muito provavelmente, devastadoras, conforme tem alertado a generalidade dos especialistas.

Ainda esta semana, o Presidente Volodymyr Zelensky disse que as forças russas estão a preparar-se para “simular um ataque” e referiu-se à detecção de “objectos semelhantes a explosivos” posicionados nos telhados da central. As informações foram obtidas pelos serviços secretos ucranianos, acrescentou o Presidente.

Na semana passada, durante o encontro com o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, Zelensky já tinha revelado que a Rússia estava “tecnicamente preparada para provocar uma explosão” na central de Zaporijjia. Nos últimos dias, as autoridades dos territórios próximos da central controlados por Kiev organizaram exercícios de protecção civil para a eventualidade de um acidente em que haja emissão de radiação.

A Rússia rejeita essas acusações e retribui com as suas próprias suspeitas de que a Ucrânia pretende atacar as instalações da central. Renat Karchha, um dirigente da empresa russa de energia nuclear Rosenergoatom, que tem gerido a central desde que as forças de Moscovo a ocuparam no início da invasão, disse esta semana que Kiev irá atacar a central com munições envolvidas em lixo nuclear proveniente de uma outra central nuclear sob controlo ucraniano.

Nem a Rússia nem a Ucrânia têm apresentado publicamente provas que suportem as suas alegações. A Agência Internacional para a Energia Atómica (AIEA) da ONU disse esta quarta-feira que as suas equipas não detectaram “quaisquer indicações visíveis de minas ou explosivos” durante as inspecções feitas à central de Zaporijjia.

A agência explicou, porém, que conseguiu inspeccionar apenas uma parte das instalações, “incluindo algumas secções do perímetro do tanque de arrefecimento grande”, e pediu maior acesso e liberdade de movimentos em futuras visitas. “Com o aumento da tensão militar e das actividades na região onde se localiza esta grande central nuclear, os nossos especialistas devem poder verificar os factos no terreno”, afirmou a AIEA através de um comunicado.

A pouco mais de uma semana para o fim do acordo entre a Rússia e a Ucrânia para a exportação de cereais através do Mar Negro, persistem as dúvidas sobre se será possível prolongá-lo.

Moscovo tem repetido que as sanções aplicadas pelos países ocidentais estão a prejudicar as suas próprias exportações de cereais e fertilizantes e, se nada for feito, ameaça rejeitar a extensão de um acordo considerado fundamental pelas Nações Unidas.

Em causa está a exclusão do principal banco do sector agrícola na Rússia do sistema de transacções financeiras internacionais, conhecido como SWIFT. A União Europeia e as Nações Unidas estão a tentar oferecer soluções alternativas que permitam que o Rosselkhozbank consiga funcionar sem que isso ponha em causa a exclusão – uma medida presente nos pacotes de sanções aprovadas por causa da invasão.

No entanto, Moscovo tem insistido que apenas aceita a reintegração do banco no SWIFT. “Neste momento, infelizmente, não há fundamentos para [apoiar] a extensão deste acordo”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acrescentando, porém, “que ainda há tempo” para que as negociações não falhem totalmente.

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