Despesa das famílias com saúde registou aumento recorde em 2021
Gastos em hospitais privados subiu 27,9%, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatísticas divulgados nesta terça-feira.
A despesa das famílias com saúde registou um aumento recorde de 17% em 2021, atingindo o valor máximo desde que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) recolhe estes dados, ou seja, desde 2000.
Em 2021, “foram registados aumentos expressivos da despesa das famílias nos principais prestadores, nomeadamente em hospitais privados (+27,9%) e em prestadores privados de cuidados em ambulatório (+20,1%). O aumento da procura de serviços de saúde pelas famílias justificou a evolução da despesa”, lê-se na síntese dos dados da Conta Satélite da Saúde publicada nesta terça-feira.
A importância relativa da despesa suportada pelas famílias aumentou 1,0 pontos percentuais (p.p.) e, inversamente, diminuiu o peso do financiamento do Serviço Nacional de Saúde e dos Serviços Regionais de Saúde das Regiões Autónomas (menos 0,9 p.p.), prossegue.
Os subsistemas públicos voluntários (+17,4%), as famílias (+17,0%) e as sociedades de seguros (+16,7%) foram, de resto, os agentes financiadores que registaram as maiores subidas no financiamento de bens e serviços de saúde. Estes aumentos "estão directamente relacionados com o crescimento da procura, principalmente nos prestadores privados, após o decréscimo observado em 2020", auge da pandemia de covid-19.
Nas contas do INE, a despesa corrente em saúde em 2021 sofreu um aumento recorde de 13,1%, totalizando 23.915,7 milhões de euros (equivalente a 11,1% do PIB).
“Para 2022 estima-se que a despesa corrente em saúde tenha aumentado 6,3%, uma variação inferior em 5,1 pontos percentuais ao crescimento nominal do Produto Interno Bruto, atingido 25.417,7 milhões de euros (2474,0 euros per capita). Este valor representou 10,6% do PIB, um peso superior ao registado no ano pré-pandemia (9,5% em 2019)”, prossegue. A continuação da recuperação da actividade dos prestadores públicos e privados nas áreas não covid-19 iniciada em 2021 contribuiu para o aumento da despesa corrente nesse ano.
Ainda para 2022, as estimativas do INE apontam para que a importância relativa do financiamento do SNS e Serviços Regionais de Saúde das Regiões Autónomas tenha aumentado novamente (+0,7 p.p.), em detrimento das famílias (-0,4 p.p.) e das outras unidades da administração pública (-0,5 p.p.).
"Denota-se que, nesses anos, as sociedades de seguros reforçaram ligeiramente o seu peso no financiamento do sistema de saúde (+0,1 p.p. em 2021 e +0,2 p.p. em 2022)", salienta.
Na Conta Satélite da Saúde, o INE divulga os principais resultados para o período 2020-2022, tendo actualizado os resultados para os anos 2020 e 2021 publicados em 1 de Julho de 2022.