A máquina fotográfica é a companheira de Sérgio Conceição há cerca de 23 anos. Tudo começou na adolescência quando decidiu fotografar as paisagens do Alentejo. Mais tarde, já adulto, fez o mesmo pelo mundo inteiro, conheceu diferentes culturas, fotografou monumentos e rostos de desconhecidos com os quais se cruzava.
Contudo, em 2019, o percurso mudou. Descobriu o mundo da astrofotografia, das imagens da Lua e Via Láctea, e percebeu que não basta apontar a objectiva para céu para captar imagens lunares.
Cada fotografia que tira à Lua é diferente. A primeira aconteceu na Ilha das Flores, nos Açores. Depois rumou ao Alentejo e Badajoz, onde a Lua surge no topo de uma réplica da Giralda. Ainda assim, defende, nenhuma exigiu tanto esforço como a super-Lua da noite de segunda-feira, 3 de Julho.
Além de ter sido tirada em Elvas, Portalegre, onde vive, aconteceu dois dias depois do 11º aniversário da cidade que é Património da Humanidade.
“Demorei dois anos [a fotografar a Lua]. Existe uma planificação que se faz antes em termos de altura do monumento, a melhor fase da Lua e a melhor tonalidade que ela pode atingir", explica ao P3, acrescentando que foi também muito difícil enquadrar a Lua com o Forte de Santa Luzia e as casas.
Sérgio conta que tentou tirar a fotografia a partir de vários locais. Em certos casos, o sítio até resultava, mas as condições atmosféricas estragavam-lhe os planos. “Foi à base da tentativa”, destaca o fotógrafo de 39 anos. Na noite de segunda-feira, quando o relógio marcava as 20h52, conseguiu a imagem que sempre quis e, curiosamente, aconteceu pelos dias em que Elvas celebra o aniversário do selo da UNESCO.
Na imagem, procurou mostrar uma Lua gigante que (quase) se sobrepõe à imponência do Forte de Santa Luzia, “monumento com significado importante” que defendeu a cidade do Exército espanhol. Para tal, posicionou-se estrategicamente a 1,5 quilómetros do Forte que se torna pequeno quando comparado à grande Lua laranja.
"Quando a Lua nasce tem sempre uns tons mais alaranjados e eu queria que existisse um contraste entre o amarelo do monumento e o laranja”, completa.
A super-Lua que viu desde Elvas junta-se agora ao portfólio do fotógrafo que conta com mais de 20 imagens lunares, Via Láctea e chuvas de estrelas. No final de Setembro, estas imagens estarão em exposição na cidade e, para o futuro, está previsto um livro com todos as fotografias de Sérgio.