Em Gaza, Walaa criou o próprio negócio: arranja os telemóveis de outras mulheres

No meio das dificuldades económicas de Gaza, Walla Hammad criou o seu próprio negócio: a palestiniana arranja telemóveis de mulheres que não se sentem confortáveis em confiá-los a homens.

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Walaa Hammad construiu o seu negócio com a ajuda da Amjaad for Community Creative and Development Reuters/Fadi Shana

Walaa Hammad trabalha com um nicho: conserta os telemóveis de outras mulheres a partir de casa, na Faixa de Gaza, na Palestina. Estas mulheres temem conceder acesso às suas fotos e contas de redes sociais a homens (mesmo que sejam técnicos).

Walaa​ construiu o seu negócio com a ajuda da Amjaad for Community Creative and Development, uma organização não-governamental que procura, através de workshops e outras actividades, capacitar mulheres licenciadas e ajudá-las a encontrar emprego.

Numa Faixa de Gaza bloqueada, onde metade da população está desempregada, as oportunidades económicas são escassas, especialmente para mulheres. Mas, por vezes, ser mulher pode ser uma vantagem.

"Há privacidade e as mulheres querem vir cá consertar os seus telemóveis. Até os homens vêm e pedem-me que arranje os telemóveis das suas esposas e irmãs por temerem pela sua privacidade das fotos", disse Walaa​.

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A palestina Walaa Hammad criou um negócio de conserto de telemóveis para mulheres Reuters/Fadi Shana

Israel mantém um controlo apertado sobre a região de Gaza e das suas fronteiras marítimas, devido a preocupações de segurança associadas ao Hamas, grupo islâmico que controla o território costeiro. O Egipto também restringe os movimentos de entrada e saída de Gaza na sua fronteira.

Estas restrições devastaram a economia de Gaza e deixaram muitas mulheres, como Walaa​, com dificuldades para arranjar emprego depois de terminarem a faculdade.

Destacando o desafio que as mulheres de Gaza enfrentam, a organização não-governamental que ajudou Walaa​ afirmou que inicialmente se ofereceu para dar formação a dez mulheres — e foi surpreendida quando 1600 mulheres se candidataram.

A vizinha de Walaa​, Waffa Abu El-Hanoud, foi uma das suas primeiras clientes: "Não podes ter a certeza de que um homem não vai entrar no telemóvel, ver fotografias e conversas. Mas de uma mulher para outra é seguro".