Edifício da Alfândega do Porto é (finalmente) monumento nacional
Marcelo Rebelo de Sousa aprovou decreto que classifica imóvel do século XIX que actualmente acolhe o Museu dos Transportes e Comunicações.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assinou nesta terça-feira o decreto do Governo que dá à Alfândega Nova, no Porto, a classificação de monumento nacional. O edifício do século XIX, da autoria do arquitecto francês Jeann-François Colson, acolhe actualmente um Centro de Congressos e o Museu dos Transportes e Comunicações.
A proposta de classificação foi feita pela Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) em 2020, mas não foi a primeira. Há 20 anos, em 1993, já havia sido aberto um processo de classificação, que acabaria por caducar. Em 2018, o edifício estava "em vias de classificação", após um despacho do Ministério da Cultura na sequência da uma proposta da Direcção Regional de Cultura do Norte feita em 2016. Mas nada se concretizaria.
Há duas semanas, no dia 22 de Junho, o Conselho de Ministros aprovou, em Évora, a classificação deste monumento, que se destaca “não apenas pelas suas dimensões, mas principalmente pela sua qualidade arquitectónica e integração urbanística em plena zona histórica do Porto”.
Num comunicado enviado às redacções, sublinhava-se a importância do edifício portuense: “[É] considerado por muitos como uma das mais profundas alterações urbanísticas e paisagísticas do século XIX em Portugal."
A edificação original da Alfândega, edifício de tipologia neoclássica, foi realizada em cima da antiga praia de Miragaia. O arquitecto francês Jeann-François Colson foi contratado em 1896 pelo ministro das Obras Públicas de então, Fontes Pereira de Melo.
Com 36 mil metros quadrados, o edifício foi reabilitado no final dos anos 1980, com um projecto de Souto de Moura, para se adaptar às actuais funções.
Em 2024, a Alfândega irá também acolher o futuro núcleo central do Museu do Porto, anunciou a autarquia em Março deste ano, destacando as condições estruturais do edifício, a localização apetecível para acolher turistas e também as ligações da Alfândega ao movimento do liberalismo e “à história do Porto mercantil, burguês, comercial, exportador”.
A novidade foi dada por Rui Moreira, ao lado do actual director do Museu, Jorge Sobrado, numa cerimónia onde se anunciou também a mudança da nomenclatura do museu (de Museu da Cidade para Museu do Porto). A criação desse núcleo central na Alfândega será, se tudo correr como o previsto, provisório: o desejo da autarquia será passá-lo, posteriormente, para o Palácio de São João Novo, não muito longe, também em Miragaia, onde funcionou até ao início da década de 90 o Museu de Etnografia e de História do Douro Litoral.
O Palácio de São João Novo, construído no final do século XVIII, está encerrado desde 1992 e é propriedade do Estado. Mas o presidente da Câmara do Porto garantiu haver "contactos adiantados" com o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, para que, após uma reabilitação do edificado, a autarquia ali instale um dos pólos do seu museu.