O atum domina a nova carta do Segundo Muelle
O desafio deste restaurante é grande pois compete com a cozinha portuguesa, estrela do Mercado da Ribeira, e de outras cozinhas internacionais também vizinhas.
Parece, mas não é uma caipirinha, porque o sabor é mais sofisticado. É um Pisco Sour e o Segundo Muelle sabe fazê-lo com eficiência e sabor porque o Pisco é uma bebida peruana, tal como o restaurante, uma cadeia peruana, com um espaço aberto em Lisboa e que apresentou, recentemente, as suas novidades da estação. O atum domina a carta.
Voltemos ao Pisco Sour (8,50€), que é o primeiro a chegar à mesa — este inclui pisco, sumo de limão, xarope, clara de ovo, gelo e açúcar —, a uma hora de almoço demasiado quente. O pisco nasceu no século XVI (pelo menos são de então os primeiros registos), quando os espanhóis levaram videiras para cultivar no Vale de Pisco, em Cusco. A bebida então criada, uma espécie de aguardente, é tão importante que existe o Dia do Pisco, que se comemora no início de Fevereiro.
No Segundo Muelle, o Pisco Sour pode acompanhar a refeição toda, mas a nova carta tem diversos cocktails que podem abrir ou fechar a refeição, assim como podem ser pedidos durante a Happy Hour, todos os dias, entre as 15h30 e as 19h. Por exemplo, à quinta-feira, pode pedir dois piscos pelo preço de um, mas diariamente há propostas diferentes.
Numa zona eminentemente turística e com tanta oferta, o desafio deste restaurante, que abriu em Agosto de 2014, é grande pois compete com a cozinha portuguesa — estrela do Mercado da Ribeira, que fica mesmo ao lado — e de outras cozinhas internacionais como a italiana, sempre um sucesso, e a japonesa, muito em voga, também vizinhas na Praça D. Luís I, no Cais do Sodré.
A cozinha peruana não pode queixar-se de ser pouco conhecida entre nós, que já nos habituamos a palavras como "ceviche", "quinoa", "poke", bem como aos seus sabores. O Segundo Muelle é o "único restaurante em Portugal com a medalha de ouro Auténtica Cocina Peruana", refere o comunicado de imprensa, uma certificação atribuída pela agência governamental de promoção do Peru e pela Universidade San Ignacio de Loyola, em Lima, que distingue os "verdadeiros sabores peruanos espalhados pelo mundo".
O atum domina as novidades da carta de Verão e entre as entradas e petiscos destaca-se o Tartar de Atún Acebichado (16,40€), um tártaro de atum que chega à mesa acompanhado por tostas crocantes aromatizadas. Pode ainda escolher Tacos de Atún (15,90€), e uma Chalaquita (9,70 €) — camarão, lula e choco com leite de tigre, aji amarillo e lima. O aji amarillo é uma malagueta de tom amarelo muito usada pelo chef e fundador deste conceito, Daniel Manrique, que elege ainda outros produtos como a lima, o abacate, sem esquecer o atum e o camarão, enumera o mesmo comunicado.
Entre os pratos de peixe, o destaque vai para o Tataki de Atún (20,15 €), atum braseado com puré de abacate e lima acompanhado por legumes salteados no wok com molho teriyaki. Há ainda uma Poke Bowl de Atún (16,80€), com quinoa, pepino, abacate, alho francês, crocante e gari (um pickle japonês feito com gengibre, sal, açúcar e vinagre de arroz), revelando as influências japonesas na cozinha peruana.
Além destas, existem também as levadas pela migração italiana, com a oferta de linguinis e risottos, que também fazem parte da carta, mas não das novidades. Regressando às novas propostas e para "celebrar as raízes crioulas", passam por uns Camarones a la Parrilla (18,90€) com molho chimichurri de aji limo, uma malagueta mais aromática e que a empregada de mesa alerta para a possibilidade de ser muito picante — é suportável.
Para fechar a refeição, chega à mesa um Cheesecake de Lúcuma (6,90 €), feito com o fruto típico do Peru, que tem um sabor semelhante à baunilha, o que não é propriamente uma sobremesa fresca devido à base crocante de bolacha de chocolate, remetendo-nos para o aconchego que apetece nos meses mais frios do ano. Talvez o melhor, se for muito guloso, é apostar no Tres Leches (7,20€), um bolo húmido de três leites, coberto com chantily e polvilhado com chocolate; num Suspiro à la Limeña (6,40€), doce de leite coberto com merengue italiano e perfumado com canela; ou num Gelado de Lúcuma (4,20€) com quinoa crocante.
Durante a semana, ao almoço, o restaurante propõe um menu executivo (prato, água ou refresco e café: 14,50€, mais 3€ se quiser optar por um vinho) que consiste numa sugestão do chef ou Lomo Saltada e Quinotto de Champiñones. E existem ainda dois menus para grupos de quatro (37,15€/cada) ou de seis pessoas (37€/cada), que consistem numa bebida de boas-vindas, couvert, entrada, prato e sobremesa, já definidos pelo chef.
O Segundo Muelle — que significa "segundo pontão", uma memória da infância de Daniel Manrique das férias de infância, na praia de San Bartolo, ao sul de Lima —, tem duas dezenas de restaurantes espalhados por cinco países: Peru, Equador, Panamá, Venezuela, Espanha e Portugal. Além dos sabores locais, a cozinha peruana é feita de outros que, ao longo dos séculos, chegaram pelo mar, da Europa, de África, mas também da Ásia, da China e do Japão, e que o chef aplica na sua cozinha. "Uma fusão de tradições gastronómicas milenares num caldeirão cultural único", conclui o comunicado.
O Fugas almoçou a convite do Segundo Muelle