Ciência aberta: tornar visíveis as peças do puzzle da investigação
A b-on, um projeto desenvolvido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, foi criada em 2004 para permitir um melhor acesso ao conhecimento científico pelas comunidades académicas.
O progresso científico faz-se por pequenos passos, como se cada investigador contribuísse para o conhecimento colocando mais uma pequena peça num enorme puzzle com peças infinitas. Nesta metáfora, cada peça é representada por um artigo científico. Fica assim evidente a importância destes pedaços de informação estarem disponíveis para que cada investigador os possa estudar e conhecer e, dessa forma, contribuir com a sua peça complementar.
Efetivamente, a investigação científica necessita, no final do seu caminho, de uma divulgação eficaz. E o expoente máximo dessa divulgação é a disponibilização dos artigos que dela resultaram em acesso aberto, isto é, não necessitando de um pagamento para poderem ser lidos.
Quão absurdo seria (é-o!) se um artigo com importantes desenvolvimentos na área do cultivo em regiões de seca não pudesse ser lido por cientistas dessas mesmas regiões, por não haver orçamento suficiente para pagar a leitura desse artigo. Acresce que pode até tratar-se de investigação paga por dinheiros públicos e, ao ficar acessível apenas via subscrição, perde o alcance máximo pretendido por esse mesmo financiamento.
A b-on (Biblioteca do Conhecimento Online), um projeto desenvolvido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, através da sua unidade FCCN, foi criada em 2004 para permitir um melhor acesso ao conhecimento científico por parte das comunidades académicas e de investigação em Portugal. Através de contratos agregados consegue economias de escala, proporcionando o acesso a coleções alargadas de conteúdos científicos aos seus cerca de 425.000 potenciais utilizadores, distribuídos por mais de 60 instituições portuguesas de renome, desde universidade e politécnicos, a hospitais e instituições de investigação e desenvolvimento (I&D).
Sabendo que os tempos mudaram, a b-on iniciou em 2022 uma nova jornada, em direção ao acesso aberto, e acaba de concluir o seu 13º acordo transformativo.
Estes contratos permitem que os autores afiliados a instituições b-on passem também a poder publicar os seus artigos em acesso aberto. Isto sem o pagamento de qualquer valor incremental. Os números falam por si: em 2022, com os primeiros acordos já concretizados, foi possível a publicação em acesso aberto imediato de mais de 2000 artigos de autores destas instituições, representando uma percentagem relevante de toda a produção científica nacional daquele ano.
Um artigo publicado em acesso aberto tem o potencial de ser lido por mais cientistas e permite assim acelerar o progresso da ciência, aliás como se comprovou durante a pandemia da covid 19, em que os editores colocaram todos os artigos publicados nessa área em acesso aberto. Esta medida contribuiu certamente para o desenvolvimento em tempo recorde das novas vacinas.
Acresce que é cada vez mais relevante respeitar a sociedade informada de que todos fazemos parte. Um artigo em acesso aberto fica também disponível para ser consultado por “leigos” que possam ter um interesse especial pelo tópico em questão, abrindo assim também o caminho à aproximação da ciência aos cidadãos.
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico