Israel lança em Jenin a maior operação militar dos últimos anos na Cisjordânia
Ataques aéreos precederam entrada de forças israelitas no campo de refugiados de Jenin. Morreram pelo menos oito palestinianos.
O Exército israelita lançou na madrugada desta segunda-feira uma operação militar na cidade e Campo de Refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, que incluiu recurso a ataques com drones, uma operação que o diário britânico The Guardian descreve como a maior em quase duas décadas na Cisjordânia ocupada.
Até agora, morreram oito palestinianos e cerca de 50 ficaram feridos, entre eles dez em estado crítico, segundo o diário israelita Haaretz. O Ministério da Saúde da Autoridade Palestiniana dizia prever que, com a continuação da operação, o número de mortos e feridos aumentasse.
Ao final da tarde desta segunda-feira, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, anunciou a suspensão dos contactos e da coordenação securitária com Israel, em resposta à operação em Jenin.
Um condutor de ambulância, Khaled Alahmad, citado pelo The Guardian, descreveu “uma verdadeira guerra” no campo de refugiados, onde o fumo negro de pneus a arder dificultava a visão nas ruas e os altifalantes das mesquitas pediam apoio aos combatentes palestinianos, descreve o jornal.
Soldados israelitas controlavam todas as entradas no campo. “Havia ataques vindos do ar. Cada vez que levámos cerca de cinco a sete ambulâncias, voltámos cheios de pessoas feridas”, descreveu o condutor.
Ataques com drones precederam a entrada dos militares israelitas no Campo de Refugiados de Jenin, onde houve batalhas entre soldados e combatentes e continuaram a ouvir-se explosões.
Um porta-voz militar israelita, o contra-almirante Daniel Hagari, disse que se tratava de um raide de uma brigada concentrado naquele local, com a duração de um a três dias, e que as forças israelitas não se iriam manter no terreno, cita o The Guardian. Segundo a Reuters, entre mil a dois mil soldados participam na operação.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Eli Cohen, deu também a entender que o objectivo não era alargar a operação além da cidade. “O nosso objectivo é focarmo-nos em Jenin, e apenas nos terroristas e nas suas células.”
Os soldados levaram a cabo buscas por armas em casas no campo de refugiados, diz o Haaretz citando o Exército. Foram confiscados um laboratório de fabrico de explosivos, munições e partes de um lança-rockets, ainda segundo as autoridades militares. Foram ainda detidos 20 palestinianos.
Jenin e o campo de refugiados da cidade, palco de grandes confrontos durante a segunda Intifada que começou em 2000, está há mais de um ano a viver operações cíclicas do Exército israelita. Foi a preparar-se para cobrir uma dessas operações que morreu, atingida por um tiro israelita, a correspondente da Al-Jazeera no território, Shireen Abu Akleh, em Maio de 2022.
Na escalada de violência do último ano e meio morreram mais de 180 palestinianos e 24 pessoas em Israel, aponta ainda o jornal The Guardian.
Com António Saraiva Lima