Na Escola de Artes da Católica, uma semana para pensar a festa como gesto de mudança
Quinta edição da Porto Summer School on Art & Cinema começa esta segunda-feira, com nomes como o músico Tim Bernardes e a artista Carla Filipe. A entrada é gratuita.
A Porto Summer School on Art & Cinema, iniciativa organizada pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto, regressa nos próximos dias para a sua quinta edição. De 3 a 8 de Julho (ou seja, de segunda-feira a sábado), há um programa gratuito que inclui exibições de filmes e momentos musicais e outras performances em quatro espaços distintos: a própria Escola das Artes, a Fundação de Serralves, o Passos Manuel e o Batalha Centro de Cinema. O tema deste ano é “Party studies” (possível tradução: Estudos sobre a festa).
O objectivo é que “ao longo da semana se estude e pratique a ‘festa’ (...) como um conceito de mudança para cultivar a alteridade no mundo actual”, diz, citado num comunicado de imprensa, Daniel Ribas, director do Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto. “A festa está interligada com os sentidos, a comunidade, a performance e a partilha”, acrescenta.
O programa inicia-se pelas 21h desta segunda-feira, no Auditório Ilídio Pinho da Escola das Artes, com uma conferência-performance do músico brasileiro Tim Bernardes. Um dos nomes mais badalados da nova música brasileira, editou em Outubro passado o seu segundo álbum, Mil Coisas Invisíveis — que nas páginas do suplemento cultural do PÚBLICO, o Ípsilon, recebeu a pontuação máxima de cinco estrelas. O antecessor Recomeçar (2017) havia sido indicado ao Grammy Latino de 2018. Foi enquanto membro do trio paulista O Terno que Tim Bernardes surgiu no panorama musical.
Na terça-feira, 4 de Julho, a Porto Summer School on Art & Cinema passa para o Batalha Centro de Cinema, onde a realizadora argentina Jazmín Lopez apresentará o seu filme Si yo fuera el invierno mismo (21h30). O trabalho desta autora já mereceu destaque num ciclo dedicado ao cinema argentino que, em 2021, integrou o programa de reabertura pós-segundo confinamento do Cinema Trindade, no Porto. No Batalha, haverá uma sessão de perguntas e respostas após a exibição do filme.
No dia 5, às 19h30, nova sessão de cinema, desta feita no auditório do Museu de Serralves, onde serão apresentadas quatro curtas-metragens da dupla brasileira Bárbara Wagner e Benjamin de Burca: Faz que vai (2016), Estás vendo coisas (2017), Swinguerra (2019) e Rise (2018).
Swinguerra foi comissariada para o Pavilhão do Brasil na 58.ª Bienal de Veneza, informa no seu site a Fundação de Serralves, acrescentando que a curta-metragem “retira o seu título da swingueira, dança popular do Nordeste do Brasil, mas com uma modificação de ortografia que faz a palavra terminar em -guerra”. Também haverá perguntas e respostas após a projecção dos quatro trabalhos.
Na quinta-feira, às 22h, a artista multidisciplinar Carla Filipe apresentará, no Passos Manuel, I don’t like parties never and forever, que conjuga desenho e texto. Seguir-se-á música, com Abraxas e Rare Romance (em formato DJ set). Encontra-se patente em Serralves, desde fins de Março, uma extensa exposição antológica dedicada ao trabalho de Carla Filipe, chamada In My Own Language I Am Independente.
No dia 7, pelas 21h, o programa regressa ao Auditório Ilídio Pinho da Escola das Artes, onde haverá Que festa faz o corpo?, “conferência-performance-festa” encabeçada por um quarteto de nomes — Piny, Leo Soulflow, André Cabral e Baronesa. A Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto promete um cruzamento que vai do disco ao house, passando pelo waacking e pelo old way vogue — formas de dança, tendo o primeiro nascido em discotecas queer em Los Angeles nos anos 1970. O old way vogue caracteriza-se por uma certa simetria entre dois corpos, com precisão na execução dos gestos e graciosidade nos movimentos.
Ainda na Escola das Artes, a festa chega ao fim no sábado, às 16h, com a apresentação de Queermess, do Teatro Praga.