Força Aérea Portuguesa precisa de mais 1400 militares, anuncia chefe do Estado-Maior

“O que se passa é uma questão de competitividade com o mercado”, diz João Cartaxo Alves, assegurando que o problema não é o recrutamento de jovens.

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A falta destes militares no efectivo "traduz-se numa sobrecarga das restantes pessoas", diz o chefe do Estado-Maior Rui Gaudencio

A Força Aérea Portuguesa precisa de mais 1400 militares e de oferecer condições mais atractivas para conseguir recrutar e reter quadros, disse este sábado o chefe do Estado-Maior deste ramo das Forças Armadas, João Cartaxo Alves.

O problema não reside em recrutar, já que este ramo se tem revelado atractivo para os jovens, mas "o que se passa é uma questão de competitividade com o mercado", segundo explicou, à margem da cerimónia militar dos 71 anos da Força Aérea, em Bragança. "Tem a ver com factores que temos que trabalhar na questão de retenção, abrir mais vagas para o quadro permanente e tornar estes quadros atractivos", completou.

Uma das medidas em curso é um programa em que a Força Aérea está a trabalhar há dois anos e que visa "a melhoria de todas as instalações que podem ser disponibilizadas para os militares, não só para os seus locais de trabalho, mas também para alojamento". "Porque será um factor de grande motivação para os militares e para as suas famílias", considerou.

Segundo o chefe do Estado-Maior, a falta de 1400 militares no efectivo "traduz-se numa sobrecarga das restantes pessoas", já que a maioria dos serviços tem de ser desdobrada, o que "implica menos descanso, maior rotatividade", e tem também implicações nas missões que têm de ser cumpridas.

O quadro de praças que vai ser aprovado pelo Governo "pode ser uma das soluções" para "colmatar algumas destas deficiências em termos de retenção de pessoal", no entender de João Cartaxo Alves.

A Força Aérea deposita também expectativas nas novas leis de Programação Militar e de Infra-estruturas Militares, que estão para aprovação na Assembleia da República e que prevêem investimentos de cinco mil milhões de euros até 2034.

A ministra da Defesa, Helena Carreiras, participou, em Bragança, na cerimónia militar comemorativa do aniversário da Força Aérea e indicou que é intenção do Governo que cinco por cento do valor do investimento seja alcançado com a alienação de património. Trata-se de uma "tentativa de fazer dois em um", ou seja "reforçar e modernizar as Forças Armadas e simultaneamente rentabilizar património" que não está afecto a fins operacionais para a modernização dos próprios equipamentos e para o investimento nas suas infra-estruturas.

A ministra explicou que "há uma diversidade de modelos de rentabilização que vão desde a venda às cedências com diferentes prazos". Segundo disse, a medida insere-se "num quadro mais amplo de valorização do património do Estado" e é, por isso, que carecem da aprovação do primeiro-ministro" "para dar coerência a este objectivo de usar recursos que não estão a ser utilizados para valorizar os seus meios".

"O que está previsto na lei é que relativamente à listagem de imóveis a incluir na lei de infra-estruturas militares haja também uma palavra do senhor primeiro-ministro, mas naturalmente quem fará esse inventário, desde logo são as Forças Armadas e a Defesa, de forma articulada, avaliando aquilo que são as suas necessidades e as suas disponibilidades", afirmou.

A votação final global da nova Lei de Programação Militar estava prevista para sexta-feira, na Assembleia da República, mas foi adiada. A ministra da Defesa espera que na próxima semana este processo esteja concluído.