O chão já deitou dois abaixo na Volta a França

No primeiro dia de Tour 2023, dois dos principais favoritos ao top 5 caíram. A etapa foi discutida em família, com o duelo entre os irmãos Yates.

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Adam Yates Reuters/STEPHANE MAHE
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A morte do ciclista Gino Mader, em Junho, tem colocado no ciclismo a discussão sobre formas de prevenir efeitos graves de quedas nas corridas. Porém, como apontaram Marco Chagas e José Azevedo ao PÚBLICO, é impossível tirar todo o risco inerente à modalidade. As quedas vão continuar e a Volta a França chegou para prová-lo.

Neste sábado, logo na primeira etapa da prova, Enric Mas e Richard Carapaz já ficaram fora da luta. O incidente que levou os ciclistas ao chão obrigou o espanhol a desistir e Carapaz, caso continue, já não será candidato ao triunfo, pelo atraso que leva.

Numa etapa que foi provavelmente a primeira tirada mais dura de sempre do Tour, que costuma começar de forma mais suave, o duelo pelo triunfo ficou para os gémeos Yates.

Adam e Simon isolaram-se dos demais e, na chegada a Bilbau, o triunfo ficou para o primeiro, num dia em que Tadej Pogacar ainda foi ganhar quatro segundos de bonificação com o terceiro lugar na etapa.

Por outras palavras, está 1-0 no duelo Emirates-Jumbo. Primeiro, porque Adam Yates deu o primeiro triunfo em etapas – e teria sido um bom dia para a Jumbo, com Wout van Aert. Depois, porque Pogacar não só já está a tirar tempo a Jonas Vingegaard como mostrou que está bem fisicamente e sem perda no “instinto matador” de um ciclista sempre ofensivo e em busca de todas as “migalhas”.

Mas se entre os dois últimos vencedores do Tour estes quatro segundos são apenas isso – migalhas –, para outros o cenário é diferente. Daniel Martínez, a mais de três minutos, e Neilson Powless, a mais de um e meio, foram duas das desilusões do dia.

Também houve alguma fragilidade, embora menos alarmante, por parte do grupo que chegou a 33 segundos, 20 depois do grupo dos principais favoritos. Nesse segundo pelotão estiveram nomes como Guillaume Martin, Romain Bardet, Jack Haig e Ben O’Connor.

Pela positiva, destaque para o desempenho de Thibaut Pinot. No seu último Tour, o gaulês foi quarto, logo a seguir a Pogacar, mostrando que está fresco, pelo menos nestes primeiros dias, para conseguir um triunfo em etapa.

Entre os portugueses ninguém teve um dia fulgurante, mas também não seria suposto. Rui Costa quererá lutar por etapas mais suaves, enquanto Nélson Oliveira e Rúben Guerreiro vão ter, nas próximas horas, um realinhamento de objectivos.

Na Movistar, Oliveira vai continuar a trabalhar, ainda que para um líder diferente de Enric Mas, enquanto Guerreiro, pelo atraso nesta etapa, não será o n.º 2 da equipa depois do abandono do líder – Araburu, no pelotão dos 33 segundos, e Jorgenson, a 2m38s, chegaram a Bilbau bem mais cedo do que o português, que somou quase dez minutos de atraso.

Neste domingo há nova etapa com alguma montanha, mesmo não sendo das mais duras do Tour, pelo que haverá espaço para mais um triunfo de um ciclista forte nas escaladas, mas, teoricamente, ainda sem especial acção entre os favoritos ao triunfo – e os Yates, ao contrário do que aconteceu em tempos, já não estão nesse patamar.

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