Pelo menos 667 detidos na terceira noite de protestos contra morte de jovem pela polícia francesa

Várias cidades francesas fora novamente palco de protestos, motins e confrontos. Autoridades falam em 249 polícias feridos e Macron volta a convocar reunião de emergência do Governo.

Foto
Os confrontos começaram na noite de terça-feira Reuters/GONZALO FUENTES

Pelo menos 667 pessoas foram detidas em França, entre a noite quinta-feira e as primeiras horas desta sexta-feira, durante protestos ocorridos em todo o país, na sequência da morte de um jovem de 17 anos pela polícia, de acordo com dados do Ministério do Interior francês, que revelou ainda que pelo menos 249 polícias ficaram feridos.

Só na região de Paris houve pelo menos 242 detenções. A maioria dos detidos tem idades entre os 14 e os 18 anos.

"Estas detenções recorde reflectem as instruções firmes dadas pelo ministro", declarou uma fonte próxima do responsável pela pasta do Interior, Gérald Darmanin, ao jornal Le Figaro.

A polícia recebeu "instruções sistemáticas de intervenção", escreveu o ministro, numa mensagem na rede social Twitter, na qual manifestou apoio às forças de segurança francesas "que estão a fazer um trabalho corajoso".

Por volta das 3h00 (2h00 em Lisboa), a situação em Nanterre, nos arredores de Paris, onde o adolescente foi morto, continuava tensa, pela terceira noite consecutiva, indicou o canal de notícias BFMTV, assinalando que polícia e bombeiros continuavam no terreno.

Em Bruxelas, onde participa no Conselho Europeu, o Presidente francês, Emmanuel Macron, decidiu convocar nova reunião de emergência do Governo, tendo previsto deslocar-se até Paris nas próximas horas.

Milhares de pessoas protestaram, na quinta-feira, em Nanterre, contra a morte do jovem de 17 anos, Nahel, no mesmo dia em que o Governo francês anunciou o envio de 40 mil polícias para conter a violência no país.

O momento em que o adolescente de ascendência magrebina foi atingido por um agente policial, depois de ter sido parado numa operação de trânsito, na terça-feira, foi captado pelas câmaras de vigilância, e fez regressar o debate sobre o uso excessivo de força por parte da polícia francesa, assim como tratamento discriminatório de pessoas de contextos mais desfavorecidos e de minorias étnicas.​

O facto de, num primeiro momento, a polícia parisina ter dito que o agente só disparou porque o jovem o tentou atropelar, acabou por ser contrariado pelas imagens, provocando ainda mais raiva entre os seus críticos.

A par do debate vieram os protestos, primeiro em Nanterre, depois noutros bairros de Paris e logo um pouco por todo o país, em cidades como Lyon, Marselha, Toulouse, Amiens ou Lille.

Muitos destes protestos terminaram em motins, actos de destruição e vandalismo, ataques a edifícios públicos ou estabelecimentos comerciais e confrontos contra as forças de segurança.

O agente da polícia suspeito da morte do jovem, foi, entretanto, acusado de homicídio, e vai ficar em prisão preventiva enquanto aguarda por julgamento.