Inflação baixou para 3,4% em Junho

Índice harmonizado fica abaixo da média da zona euro. Primeira estimativa do INE indica que subida dos preços desacelerou face a 2022, sobretudo pelo efeito de base nos custos energéticos.

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Queda homóloga do preço dos combustíveis está a fazer a inflação desacelerar na Europa Paulo Pimenta (arquivo)
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A taxa de inflação em Portugal voltou a recuar, prolongando uma tendência iniciada em Novembro, depois de ter ultrapassado 10% em Outubro passado. Segundo a primeira estimativa rápida divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a variação homóloga deste índice terá recuado para 3,4% em Junho, o que é uma descida face aos 4% registados em Maio (o primeiro mês completo com o IVA zero num cabaz de produtos essenciais).

“Tendo por base a informação já apurada, a taxa de variação homóloga do índice de preços no consumidor (IPC) terá diminuído para 3,4% em Junho de 2023, taxa inferior em 0,6 pontos percentuais (p.p.) à observada no mês anterior", afirma a autoridade estatística nacional.

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“Esta desaceleração continua a ser em parte explicada pelo efeito de base, resultante do aumento de preços dos combustíveis verificado em Junho de 2022”, alerta no entanto o INE.

Já o indicador de inflação subjacente (que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos) “terá registado uma variação de 5,2% (5,4% no mês precedente)”.

A comparação favorável na energia e também na alimentação, que continua mais cara mas em que a subida de preços desacelerou de forma ainda mais notória do que em Maio, contribuem para este resultado.

A variação negativa do índice relativo aos produtos energéticos agravou-se “para -18,8% (-15,5% no mês precedente)” e o crescimento do índice referente aos produtos alimentares não transformados “terá desacelerado para 8,5% (8,9% em Maio)”, detalha o INE.

Perante estes resultados, a variação média nos últimos 12 meses, segundo esta estimativa rápida, será de 7,8% (8,2% no mês anterior).

O índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), que permite comparar este indicador com outros países, terá registado uma variação homóloga de 4,7% (5,4% no mês precedente).

Na quinta-feira soube-se que este mesmo indicador harmonizado subiu na Alemanha de 6,3% para 6,8%, ao passo que em Espanha desceu de 2,9% em Maio para 1,6% em Junho.

A economia espanhola torna-se assim a primeira grande economia europeia a ver a variação do seu índice de preços baixar o limite de 2%, que é a referência e o objectivo das políticas monetárias do Banco Central Europeu, cuja presidente, Christine Lagarde, disse esta semana, em Portugal, durante o fórum anual realizado em Sintra, que as taxas de juro vão continuar a subir até que a inflação desça para níveis desejados.

Lagarde acredita que a Europa está mergulhada num “processo inflacionista mais persistente” — uma tese que não foi partilhada por todos os que se passaram por aquele fórum, em Sintra. Embora haja quem tenha apresentado projecções mais optimistas, Lagarde advogou que é preciso persistir nas medidas que contenham a procura (como é o caso da subida das taxas de juro) face a aumentos salariais que poderiam levar as empresas a tentarem subir preços para defender as suas margens.

Portugal abaixo da média

O Eurostat também divulgou hoje o IHPC para os países da zona euro e aponta para uma descida dos 6,1% verificados em Maio para 5,5% em Junho. Isto significa que Portugal fica 0,8 p.p. abaixo da média dos países europeus que usam a moeda comum.

Detalhando os diferentes contributos, é notório o impacto da descida dos preços na energia, quando se compara com Junho de 2022.

“​Olhando para as principais componentes da inflação na área do euro, os alimentos, o álcool e o tabaco terão tido a maior subida homóloga em Junho (11,7% comparado com 12,5% em Maio), seguido dos bens industriais não energéticos (5,5% face a 5,8% em Maio), dos serviços (5,4% versus 5% em Maio) e a energia (-5,6% comparado com -1,8% em Maio)", sublinha o Eurostat.

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Abaixo do nível de inflação de 2%, além da Espanha, estão também o Luxemburgo (1%) e a Bélgica (1,6%). Chipre e Grécia apresentam um índice harmonizado de 2,7% e depois vem a Finlândia, com 4,1% e Portugal, com 4,7%.

Entre os países que apresentam taxas de variação mais elevada, estão a Eslováquia (11,3%), Estónia (9%) e Croácia (8,3%).

Entre as maiores economias europeias, a Itália (6,7%) acompanha a Alemanha (6,8%) com indicador acima da média da zona euro, ao passo que o da França se situa abaixo dessa média, em 5,3%.

Na variação em cadeia (Junho comparado com Maio), no entanto, apenas cinco países (Letónia, Lituânia, Países Baixos, Bélgica e Finlândia) registaram recuos na inflação harmonizada. No caso português, diz o Eurostat, esse indicador aumentou 0,4% em Junho, quando comparado com Maio.

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