André Villas-Boas acredita estar “destinado” à presidência do FC Porto
Antigo treinador do FC Porto admite andar desencontrado de Pinto da Costa desde 2020.
O antigo treinador do FC Porto André Villas-Boas disse esta quinta-feira acreditar estar destinado a assumir o cargo de presidente dos "dragões", sem desvendar se a candidatura ocorrerá no acto eleitoral de 2024 ou de 2028.
"O plano da presidência [do FC Porto] está na minha carreira. Sou um tipo muito vinculado ao destino. As coisas que tenho destinadas, tornam-se realidade. [...] Em 2015, estava na Rússia [Zenit] e recebi uma mensagem de uma pessoa que ainda trabalha no FC Porto a dizer: 'Um dia vais ser presidente'. Nunca tinha pensado no assunto. Mas a forma como aquilo mexeu comigo fez-me sentir que seria um destino para cumprir", afirmou, aquando da sua participação na QSP Summit, em Matosinhos.
À margem do evento, o portuense de 45 anos, que não aceitará nenhum cargo de treinador até 2024, com vista à preparação para uma futura candidatura à presidência, disse não perceber o porquê de Sérgio Conceição não ter renovado ainda contrato, que tem apenas mais um ano, após a eliminação da Liga dos Campeões frente ao Inter de Milão, uma questão que considera todos os portistas gostariam de ver respondida.
"A primeira coisa que devia ter sido resolvida era a questão do treinador. Para mim, o treinador deveria ter renovado no pós-Inter, ganhando ou perdendo o jogo, porque assim o merece há largos anos e porque se assim fosse teria evitado, se calhar, estes cenários de namoro, fruto da sua qualidade e da qualidade do trabalho que tem feito", disse.
Villas-Boas foi mais longe nos elogios ao treinador do FC Porto e manifestou que apenas as "capacidades de exigência e intransigência invulgares" de Conceição têm salvado o emblema portista da "gestão desportiva desenquadrada das realidades financeiras do clube".
"Porque é que não avança? Será que o próprio não quer? Não sei, porque não falo com ele. Onde é que estão as respostas a essas perguntas? Era esse o conforto que um portista gostava de sentir relativamente à construção do futuro com um treinador que tanto nos tem dado", questionou.
Em oposição cada vez mais assumida à direcção, Villas-Boas deixou fortes críticas à gestão actual, abordando as dificuldades financeiras do emblema "azul e branco", forçado a fazer um encaixe significativo até ao final de Junho, como já admitiu o administrador da SAD, Fernando Gomes, sob o risco de incumprimento do "fair-play" financeiro.
"São questões a que apenas o presidente e o conselho de administração poderão responder. Com certeza que já terão pensado em todos os efeitos nefastos que possa ter um incumprimento das regras de 'financial fair-play', de sustentabilidade do clube...", explicou, acrescentando também que as "finanças do clube estão piores ano após ano".
Quanto à possibilidade de concorrer contra o actual presidente, Pinto da Costa, com quem admite andar "desencontrado na relação" desde o encontro FC Porto-Marselha, de 2020, quando orientava os franceses, o treinador desvalorizou o facto de já ter afirmado que não o enfrentaria nas urnas, referindo que o dirigente disse o mesmo a seu respeito.
"Isso foi em 2020, quando assinei o livro de candidatura de Jorge Nuno Pinto da Costa. [...] Quando fiz essa declaração, o presidente fez outra que dizia que não avançaria se me candidatasse, porque via em mim as capacidades e características pessoais e de personalidade, de sócio e adepto para uma função desta importância. Estamos aqui entre duas verdades ou duas inverdades, com duas pessoas a possivelmente fazerem algo que disseram que não iam fazer", constatou.