Festas de Guimarães custam 300 mil euros, mas autarca propõe reforço de verba

As Festas da Cidade e Gualterianas, de regresso a Guimarães entre 27 de Julho e 7 de Agosto, têm um orçamento inferior às principais festividades do distrito de Braga.

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O cartaz das festividades inclui um festival de folclore A Oficina
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O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança (PS), está disposto a “abrir uma excepção” no orçamento municipal para aumentar a verba dedicada às festas da cidade. Ao programa das Festas da Cidade e Gualterianas, apresentado nesta quarta-feira e que decorre entre 27 de Julho e 7 de Agosto, estão alocados 300.000 euros e a quantia até foi reforçada em 50.000 euros relativamente ao ano passado, mas o autarca entende que o valor pode, no futuro, “escalar” para tornar as festas “uma bandeira de orgulho para Guimarães”.

Apesar de dedicar à cultura uma parcela substancial do orçamento municipal anual, a autarquia foi confrontada, no ano passado, pelas acusações do vereador sem pelouro da coligação Juntos por Guimarães (PSD/CDS-PP), Ricardo Araújo, de que o programa das festas da cidade demonstrava “falta de ambição”, por valorizar a “cultura erudita” em lugar da “popular”.

De facto, o orçamento das Festas Gualterianas, organizadas conjuntamente pela Câmara de Guimarães e pela cooperativa cultural A Oficina, é menor do que o das principais festas populares ali próximas — as Festas Antoninas, em Famalicão, custam perto de 700.00 euros, as do São João, no Porto, 615.000 euros, enquanto as Festas do São João, em Braga, e das Cruzes, em Barcelos, têm um custo de meio milhão de euros. Hoje, Domingos Bragança sugeriu que as festas de Guimarães têm de ser “diferenciadoras” e afirmar a “autenticidade” do concelho.

“Já o disse ao vereador da Cultura (Paulo Lopes Silva, também presidente d’A Oficina): se for necessário escalar no valor orçamental, esse valor será aumentado […], eu quero que as nossas festas sejam excepcionais, que atraiam milhares e milhares de pessoas”, vincou o autarca, argumentando que existe “um capital simbólico, popular e de prestígio a defender”.

Concertos, marchas, folclore e artesanato compõem cartaz

O aumento de verba proposto seria alocado ao “cartaz de artistas” contemporâneos, assinalou Domingos Bragança. Este ano, no programa de concertos, estão previstas as actuações de Agir, a 4 de Agosto, DAMA, a 5, e The Black Mamba, a 6, sempre na praça da Plataforma das Artes. Durante os três dias, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), situado na Plataforma das Artes, e a Casa da Memória, podem ser visitados gratuitamente entre as 10 e as 22 horas.

No programa de música, em complemento à programação oficial das Gualterianas, está ainda previsto, entre os dias 3 e 5, o Festival L’Agosto, que levará aos jardins do Museu Alberto Sampaio os concertos de Rival Consoles, Glockenwise, África Negra, Ko Shin Moon, Moullinex e GPU Panic, Maria Reis, And So I Watch You From Afar, Solar Corona e Cobrafuma.

O cartaz das festividades que têm por base o culto a São Gualter, cuja tradição remonta a 1906, inclui ainda o regresso, após quatro anos de interregno por força da pandemia, da Batalha das Flores, no dia 5, e de uma corrida de cavalos, no dia 7. Entre 4 e 7, principais dias do certame, estão também previstos acontecer espectáculos de fado, um festival de folclore, desfiles, marchas pelas ruas, a Procissão de São Gualter, e ainda a Marcha Gualteriana, ponto alto das festividades, que este ano contará com um cortejo de nove carros alegóricos.

Antes, a partir de 21 de Julho, a Alameda de Alfredo Pimenta acolherá carrosséis e bancas de comida e será inaugurada a iluminação festiva até ao Largo da República do Brasil. No dia 27 inaugura-se, na Escola Secundária Francisco de Holanda, a exposição Pontes de Guimarães, e entre 28 de Julho e 7 de Agosto o Jardim da Alameda de São Dâmaso acolhe a 25.ª edição da Feira de Artesanato de Guimarães, que este ano recebe mais de 30 artesãos.

Apesar da vasta oferta e das datas em causa, a organização não arrisca a previsão de um número de visitantes a receber. O presidente d’A Oficina, Paulo Lopes Silva, assinalou apenas que o município estima ter acolhido, durante a Feira Afonsina, que decorreu entre os passados dias 22 e 25 de Junho, 250.000 pessoas, número que poderá supor a presença de “centenas de milhares” de visitantes em Guimarães durante as Gualterianas. O também vereador da Cultura assume que há, durante o período de festas, um “acréscimo de turistas à procura de hotéis, restaurantes e comércio local”, e que muitos emigrantes, alguns dos quais “já sem casa” em Guimarães, regressam e hospedam-se em alojamentos locais.

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