Depósitos sofrem maior recuo em 43 anos e acumulam quinto mês consecutivo em queda

Os bancos perderam mais de 4,7 mil milhões de euros em depósitos de particulares durante o mês de Maio, numa altura em que as famílias têm procurado produtos de poupança mais rentáveis.

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Os depósitos nos bancos portugueses caíram pelo quinto mês consecutivo em Maio Ricardo Lopes
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O stock total de depósitos de particulares voltou a diminuir em Maio, pelo quinto mês consecutivo, numa altura em que as famílias têm canalizado as poupanças para produtos mais rentáveis do que os tradicionais depósitos a prazo, como Certificados de Aforro. Ao todo, os depósitos reduziram-se em mais de 2,6% em relação ao ano passado, naquela que foi a maior queda anual desde que há registo.

Os dados foram publicados, nesta quarta-feira, pelo Banco de Portugal (BdP), que dá conta de que os depósitos de particulares nos bancos que operam em Portugal totalizaram 173,7 mil milhões de euros em Maio deste ano, menos cerca de 700 milhões de euros do que no final de Abril. É, ao mesmo tempo, uma queda de 2,65%, ou menos 4728 milhões de euros, em relação ao stock que se registava em Maio do ano passado, sendo esta a queda percentual em relação ao ano anterior mais acentuada já registada desde que esta série estatística foi iniciada, em 1980.

Esta quebra é registada no mesmo mês em que os Certificados de Aforro voltaram a atrair um montante significativo de novas subscrições. Em Maio, este produto de poupança do Estado captou 2226 milhões de euros em subscrições líquidas, naquele que foi o último mês em que a Série E (que garante uma remuneração-base de 3,5%) esteve em vigor, antes de o Governo suspender essa série e lançar uma nova, com uma remuneração menos atractiva, de 2,5%.

Apesar do agravamento das condições oferecidas nos Certificados de Aforro, este produto continua a oferecer uma remuneração que fica muito acima daquela que é proposta pela generalidade dos bancos a operar em Portugal. Em Abril (último mês para o qual já há dados disponíveis), a taxa de juro média dos depósitos a prazo destinados a particulares era de 1,03%, uma remuneração que, ainda assim, representa uma melhoria em relação aos últimos meses, numa altura em que os bancos se vêem obrigados a tornar a oferta de depósitos mais competitiva. De acordo com os dados do BdP, desde 2015 que a taxa de juro média dos depósitos a prazo para particulares não ultrapassava a fasquia de 1%.

Também entre as empresas se registou uma diminuição dos depósitos em relação ao mês anterior, ainda que este indicador tenha aumentado em relação ao ano passado. Em Maio, os depósitos das sociedades não financeiras totalizavam 64,3 mil milhões de euros, uma queda de 1,8% em relação a Abril, mas um aumento de 1,4% face ao mesmo mês do ano passado.

Já a totalidade dos depósitos, considerando os particulares, as empresas e, ainda, outras entidades (como sociedades financeiras), ascendeu a 287,9 mil milhões de euros em Maio, um valor que representa uma queda superior a 11% em relação ao ano passado.

Crédito a empresas em queda

Também no que diz respeito ao crédito, há uma diminuição, mas apenas do lado das empresas, já que, entre os particulares, o montante total que os bancos têm emprestado manteve-se estável no mês passado.

Em Maio, a carteira total de crédito a sociedades não financeiras ascendia a 73,8 mil milhões de euros, valor que corresponde a uma queda de 3,6%, ou de 2,8 mil milhões de euros, em relação ao mesmo mês do ano passado.

Já o stock total de crédito a particulares manteve-se praticamente inalterado em 128,3 mil milhões de euros em Maio, mês em que a carteira de crédito à habitação registou um ligeiro aumento em relação ao ano passado, de 0,8%, para atingir um total de 99,5 milhões de euros.

Por outro lado, o crédito ao consumo cresceu cerca de 3,5% e totalizou 20,8 mil milhões de euros, enquanto o crédito para outros fins contrariou a tendência a registou uma quebra de 7,7%, totalizando 7,9 mil milhões de euros.

A carteira total de crédito detida pelos bancos portugueses, considerando todas as entidades a quem são concedidos empréstimos, fixou-se em 265,7 mil milhões de euros em Maio, valor que representa uma queda de 8,4% em relação ao mesmo mês do ano passado.

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