Julian Sands (1958-2023), um excêntrico e magnético actor britânico

Era capaz de intensidade e de fazer uma variedade de papéis, fosse de protagonista romântico ou vilão. A morte, aos 65, foi confirmada agora, cinco meses após ter desaparecido.

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O actor Julian Sands Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW
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Julian Sands, o excêntrico actor britânico, loiro e magnético que era capaz de intensidade e de fazer uma variedade de papéis, fosse de protagonista romântico ou vilão, morreu aos 65 anos. A morte aconteceu durante uma caminhada em Mount Baldy, na Califórnia, e só foi declarada esta terça-feira, mais de cinco meses após o actor ter desaparecido. A causa de morte ainda está por anunciar.

Nascido em 1958, em Otley, Workshire, começou nos palcos em pequeno. Estudou na Central School of Speech and Drama, em Londres, não tendo acabado o curso. Pertenceu a um grupo de teatro jovem e estreou-se no cinema, ainda com pequenos papéis, no início dos anos 1980, em filmes como Terra Sangrenta, de Roland Joffé. ​Sands faz-se notar como protagonista de Quarto com Vista Sobre a Cidade, adaptação de época de E.M. Forster assinada por James Ivory, de 1985, uma das produções Merchant Ivory mais conhecidas. Trabalhou também com realizadores como Ken Russell, Mike Figgis, David Cronenberg, Paul Schrader, Paolo e Vittorio Taviani ou Dario Argento.

Para Russell, foi o atormentado poeta romântico Percy Shelley em Gothic - Poetas e Fantasmas, de 1986, passado ao longo de uma noite alucinada em casa de Lord Byron na Suíça, no início do século XIX. Desempenhou muitos outros papéis inspirados em personalidades da vida real, como o compositor Franz Liszt em Paixões Secretas de Uma Mulher, do dramaturgo tornado realizador James Lapine, ou o psiquiatra Carl Jung em Mente Perversa, do italiano Carlo Lizzani.

Figgis usou-o em sete filmes, incluindo alguns dos seus trabalhos mais conhecidos, incluindo Morrer em Las Vegas, onde fazia de proxeneta. Em Festim Nu, de Cronenberg, foi uma centopeia a fazer-se passar por humano. Schrader, por sua vez, recorreu a ele como um bizarro vilão em Witch Hunt, telefilme da HBO passado numa Los Angeles dos anos 1950 em que o ambiente noir de detectives convivia com monstros tirados da obra de H.P. Lovecraft e em que a "caça às bruxas" do mccarthismo se tornava literalmente uma caça a toda a gente que praticava magia. Entre alguns dos seus papéis mais famosos incluem-se também Aracnofobia, a comédia de terror de Frank Marshall, Paixão Selvagem, o polémico filme de body horror de Jennifer Lynch (filha de David Lynch), ou Sortilégio, de Steve Miner.

Nos últimos anos, mais afastado da ribalta, apareceu em filmes como Ocean's 13, de Steven Soderbergh, e Millennium 1: Os Homens Que Odeiam as Mulheres, de David Fincher. Fez, contudo, bastante televisão. Foi vilão na série 24 ou o pai do Super-homem em Smallville. Nos palcos, fez A Celebration of Harold Pinter, de 2008, em que estava sozinho em palco, um espectáculo focado na poesia do dramaturgo, argumentista e actor Harold Pinter, com quem Sands trabalhou, tendo-o substituído em recitais em 2005, quando a saúde de Pinter estava a falhar. O espectáculo, em que Sands fazia de Pinter, era encenado por John Malkovich, amigo e ex-colega de casa do actor.

Sands era casado com a dramaturga americana Evgenia Citkowitz, com quem teve duas filhas. Antes, foi casado e teve um filho com a jornalista britânica Sarah Harvey, também conhecida como Sarah Sands.

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