John Goodenough, vencedor do Nobel e pioneiro das baterias de iões de lítio, morreu aos 100 anos

O norte-americano tinha 97 anos quando recebeu o Prémio Nobel da Química de 2019 pela sua contribuição na investigação sobre as baterias de iões de lítio.

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John Goodenough foi pioneiro no desenvolvimento das baterias de iões de lítio Nelson Garrido

O vencedor do Prémio Nobel John Goodenough, pioneiro no desenvolvimento das baterias de iões de lítio que hoje alimentam milhões de veículos eléctricos em todo o mundo, morreu no domingo, apenas um mês antes de completar o seu 101.º aniversário.

O norte-americano “foi um líder na vanguarda da investigação científica ao longo das muitas décadas da sua carreira”, afirmou Jay Hartzell, presidente da Universidade do Texas em Austin, onde John Goodenough foi membro do corpo docente durante 37 anos.

John Goodenough tinha 97 anos quando recebeu o Prémio Nobel da Química de 2019 — juntamente com Stanley Whittingham, do Reino Unido, e Akira Yoshino, do Japão, pelas respectivas contribuições na investigação sobre as baterias de iões de lítio —, tornando-se o mais velho laureado com um Prémio Nobel.

“Esta bateria recarregável está nas bases da electrónica sem fios, como os telemóveis e os computadores portáteis”, declarou a Academia Real das Ciências da Suécia ao atribuir o prémio. “Também torna possível um mundo sem combustíveis fósseis, uma vez que é utilizada para tudo, desde a alimentação de carros eléctricos ao armazenamento de energia de fontes renováveis”, acrescentou.

Nos últimos anos, John Goodenough e a sua equipa universitária tinham vindo também a explorar novas soluções para o armazenamento de energia, incluindo uma bateria de “vidro” com electrólito de estado sólido e eléctrodos de lítio ou sódio metálico.

O investigador foi também um dos primeiros a desenvolver cátodos de fosfato de ferro e lítio (LFP) como alternativa aos cátodos à base de níquel e cobalto. Segundo os especialistas, o LFP está a ultrapassar rapidamente o níquel, o cobalto e o manganês, mais caros, nas baterias para veículos eléctricos, porque utiliza materiais mais abundantes e sustentáveis a um custo muito inferior.

John Goodenough nasceu a 25 de Julho de 1922, em Jena, na Alemanha, filho de pais norte-americanos. Depois de concluir o bacharelato em matemática na Universidade de Yale, obteve um mestrado e um doutoramento em física na Universidade de Chicago. Tornou-se investigador e líder de equipa no Instituto de Tecnologia do Massachusetts e, mais tarde, dirigiu o laboratório de química inorgânica na Universidade de Oxford.