Ministra puxa pelos indicadores económicos no dia em que Lagarde reiterou reservas

Ana Catarina Mendes presidiu ao encerramento das jornadas parlamentares do PS e deixou uma mensagem de confiança no comportamento da economia portuguesa: “Estamos mesmo a convergir com a Europa.”

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Ana Catarina Mendes enecrrou as jornadas parlamentares do PS LUSA/HOMEM DE GOUVEIA
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A ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, declarou nesta terça-feira, no encerramento das jornadas parlamentares do PS, que decorreram na Madeira, que Portugal "está mesmo a convergir com a Europa” e que "entre 2015 e 2025 o crescimento económico será de oito pontos percentuais”.

No dia em que a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, baixou as expectativas ao discursar no Fórum do BCE, em Sintra, afirmando que a taxa de juro voltará a subir e que o ciclo de subidas não irá parar até que os juros estejam “em níveis suficientemente restritivos”, Ana Catarina Mendes, na linha do que fizera o primeiro-ministro, enalteceu o crescimento económico do país e disse que, “ao contrário do que diz a direita, estamos mesmo a convergir com a Europa".

A ministra recuou no tempo para realçar: o “crescimento económico entre 1995 e 2008 foi de um ponto percentual, isto diz muito do que é o trabalho e o empenho que temos vindo a fazer ao longo destes tempos".

“Mesmo em momentos de dificuldades, não viramos as costas aos mais vulneráveis e, por isso, podemos dizer que em 2015 estávamos quatro pontos percentuais acima da área do euro em termos de pobreza e exclusão social e hoje estamos dois pontos percentuais abaixo da área do euro em termos de exclusão e pobreza social. São menos 734 mil pessoas que estão em risco de pobreza”, destacou.

Ainda na linha do crescimento económico, a ex-deputada aludiu ao desemprego, que, segundo notou, regista “números históricos", ao emprego, que “está em números máximos", aos salários que "estão a subir" e ao "peso das exportações no PIB [que] já alcançaram os 50%”.

“É o nosso crescimento económico que demonstra mais uma vez que as políticas públicas e os privados conseguem que o nosso tecido empresarial e o nosso tecido económico se mantenham robustos”, apontou a governante, aproveitando a sua intervenção para criticar aqueles que fazem ataques desprestigiantes ao debate parlamentar. "É preciso ter a consciência de que o debate no Parlamento é um debate central e que ali também se muda a vidas das pessoas", afirmou.

Embalada pelas críticas, Ana Catarina salientou, por outro lado, que o Governo não se desviou dos objectivos programáticos que definiu e que a confiança no executivo não foi abalada pelos casos nem pela "espuma dos dias". "Nós não nos desviámos e continuamos a concretizar os compromissos que assumimos com os portugueses, que nos deram a confiança para gerirmos o país com maioria absoluta" no Parlamento, referiu, numa intervenção em que apelou a um combate sem tréguas ao racismo e à xenofobia e em que considerou como prioridade a reforma da lei das ordens profissionais, acabando com os estágios de jovens sem direito a qualquer remuneração.

“Quando assistimos a alguns ataques no debate parlamentar, ao desprestígio do debate parlamentar, felizmente há um grupo parlamentar, que é o maioritário na Assembleia da República, que garante o respeito pelas instituições e o respeito pela diversidade e pela democracia na diferença das nossas opiniões.”

Apesar de o Governo ter o apoio da maioria absoluta socialista, não está demitido de prestar contas no Parlamento, disse a ministra, referindo que, ao longo da última sessão legislativa, se registaram "175 intervenções em plenário de membros do Governo e 132 presenças de membros do Governo nas comissões parlamentares, além de dezenas de projectos de lei e de resolução aprovados e que foram provenientes de outros partidos". Estes dados – sustentou a ministra – traduzem “muito aquilo que é a nossa concepção da democracia e sobretudo a nossa concepção de responsabilidade de uma maioria absoluta em que os portugueses confiaram, há um ano".

Também na sessão de encerramento desta terça-feira, o líder parlamentar socialista, Eurico Brilhante Dias, rejeitou a ideia que vem sendo repetida pelo Presidente da República e pela oposição de que a evolução favorável da economia não se está a reflectir no dia-a-dia dos portugueses. "Temos de afastar essa narrativa de que Portugal está melhor, mas, afinal, os resultados não chegam aos portugueses. Chegam sim, estão a chegar a cada um dos portugueses", disse, citado pela Lusa.

Brilhante Dias sinalizou ainda que o grupo parlamentar do PS definiu como prioridades para a próxima sessão legislativa a valorização dos rendimentos, a necessidade de uma gestão eficaz dos recursos em virtude das alterações climáticas e ainda a prossecução de reformas, oportunidade para o socialista recusar a crítica aos governos chefiados por António Costa pelo escasso pendor reformista. "Quiseram colar a ideia de que o PS não fazia reformas, de que o PS é partido de contexto. Enganam-se: a Agenda do Trabalho Digno ou a nova lei das ordens profissionais são reformas."

As jornadas parlamentares do PS decorreram na Madeira sob o lema "Ao lado dos portugueses: crescimento justo e solidário".

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