Cavaco distingue Catroga dos que só fazem “meras intervenções verbais”
Eduardo Catroga, ministro das Finanças do Governo de Cavaco Silva entre 1993 e 1995, foi homenageado pela Ordem dos Economistas.
O ex-Presidente da República Cavaco Silva elogiou esta terça-feira Eduardo Catroga como "um dos melhores" ministros das Finanças e gestor empresarial do Portugal democrático, distinguindo-o dos que se limitam "a meras intervenções verbais ou declarações jornalísticas" apagadas pelo tempo.
O antigo chefe de Estado falava na homenagem a Eduardo Catroga, que foi seu ministro das Finanças entre 1993 e 1995, esta terça-feira distinguido com o título de economista emérito pela Ordem dos Economistas, numa cerimónia que decorreu no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), em Lisboa.
"No domínio da prática política, Eduardo Catroga foi um economista que não recusou passar a escrito as suas ideias, propostas e análises, distinguindo-se daqueles que se limitam a meras intervenções verbais ou declarações jornalísticas para que a falta de rigor e incoerência inter-temporal das posições assumidas sejam apagadas pela passagem do tempo", afirmou.
No final, questionado pela comunicação social a quem se referia, o antigo chefe de Estado apenas reiterou que considera Eduardo Catroga "um dos melhores ministros das Finanças e um dos melhores gestores empresariais da democracia".
Já à pergunta sobre se o antigo ministro das Finanças — que negociou do lado do PSD o Orçamento do Estado para 2011 e coordenou o programa de Passos Coelho para as legislativas desse ano — está mais associado à austeridade do que o actual Governo do PS, Cavaco pensou um pouco e respondeu: "Austeridade tenho eu actualmente nas palavras, e aí eu sou um pouco austero."
À pergunta dos jornalistas se actualmente também existe austeridade, Eduardo Catroga distinguiu a situação do Estado — "que não precisa de austeridade porque teve a taluda da inflação" — da das famílias e empresas, que considera sofrerem "uma carga fiscal asfixiante".
"Temos todas as condições para termos crescimento económico, não caminharmos para a cauda da Europa. Temos é de ter ambição e fazer políticas adequadas de crescimento, produtividade e emprego", disse, avisando que "sem aumentar a riqueza não há sustentabilidade do Estado social a prazo".
Na sua intervenção, Catroga apontou como objectivo Portugal integrar o grupo de países mais desenvolvidos da União Europeia, defendendo que o país tem todas as condições para o conseguir. "Assim a gente queira, vamos querer? É a grande dúvida", disse.
Na homenagem, marcaram presença o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento — sentados lado a lado na primeira fila —, bem como o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, ou os ex-ministros Manuela Ferreira Leite (que foi homenageada com o mesmo título na semana passada), Nuno Crato, António Pires de Lima ou Augusto Mateus.
A Cavaco Silva coube intervir sobre o percurso académico e profissional do homenageado, destacando, nas suas "missões cívicas ao serviço do país", as qualidades de economista demonstradas no exercício de funções como seu ministro das Finanças, entre 1993 e 1995.
"Os seus conhecimentos foram a garantia de uma recuperação saudável da economia portuguesa liderada pelas exportações e investimento produtivo a que se seguiu a expansão no consumo privado", elogiou.
Eduardo Catroga, de 80 anos, licenciou-se em Finanças em 1966 no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (actual ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa, tendo sido gestor e administrador de várias empresas, a última das quais a EDP.