“Grupo Wagner foi inteiramente financiado pelo Estado” russo, diz Putin

No total, o grupo Wagner e o seu líder e fundador, Yevgeny Prigozhin, terão recebido quase 1,8 mil milhões de euros do Estado russo durante o último ano.

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Sede do grupo Wagner em São Petersburgo ANATOLY MALTSEV/EPA
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O grupo de mercenários Wagner foi "inteiramente financiado" pelo Estado russo, que no último ano terá investido 86 mil milhões de rublos (quase 920 milhões de euros) na milícia liderada por Yevgeny Prigozhin (Ievgueni Prigojin na transliteração para português)​, admitiu esta terça-feira o Presidente russo, Vladimir Putin.

"Quero que toda a gente saiba que o grupo Wagner foi inteiramente financiado pelo Estado: pelo Ministério da Defesa e pelo Orçamento do Estado", disse o chefe de Estado russo, num encontro com responsáveis dos serviços de defesa e segurança russos, transmitido pela televisão estatal.

Vladimir Putin revelou ainda que a empresa de catering de Prigozhin lucrou, no mesmo período (de Maio de 2022 a Maio de 2023), 80 mil milhões de rublos (cerca de 850 milhões de euros) em contratos com o Estado.

De acordo com a Reuters, as contas da Concord (a empresa de catering em causa) serão investigadas depois de o grupo Wagner e o seu fundador terem recebido, no total, quase 1,8 mil milhões de euros do Kremlin durante os últimos 12 meses.

"Espero que, no decorrer deste processo, ninguém tenha roubado nada, ou, digamos, roubado pouco. De qualquer forma, vamos investigar tudo", assegurou Putin, sem referir directamente o líder da rebelião do fim-de-semana passado.

Na versão de Prigozhin, o grupo de mercenários foi sempre financiado pelo Governo russo, tendo procurado outros meios de financiamento na sequência da invasão da Ucrânia.

Na noite desta segunda-feira, num discurso à nação em que comentou pela primeira vez a rebelião do grupo Wagner, o Presidente russo saudou os comandantes e soldados que se dirigiam para Moscovo por terem tomado "a única decisão acertada: recuar e impedir um banho de sangue", e deixou aos mercenários três alternativas.

Os combatentes do Wagner terão a "oportunidade de continuar a servir a Rússia, assinando contrato com o Ministério da Defesa ou outras forças de segurança, ou de regressar para as suas famílias e amigos". "Quem quiser pode ir para a Bielorrússia", esclareceu. Esta terça-feira, o Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, confirmou que Prigozhin chegou ao país vizinho da Rússia.

De acordo com uma investigação do Financial Times, o Wagner gerou cerca de 250 milhões dólares (228 milhões de euros) a partir dos recursos naturais de países africanos e do Médio Oriente entre 2018 e 2022.

Além da Ucrânia, unidades do grupo paramilitar continuam presentes em países em guerra como a Síria, Líbia, Sudão ou República Centro-Africana. Segundo investigações de vários meios de comunicação internacionais, o líder do grupo está envolvido em negócios de extracção de minerais, como ouro e diamante, e na indústria do petróleo e do gás.

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