Para não sair do Euro sub-21, Portugal dependia de si e de terceiros. Não bastava uma vitória sobre a Bélgica na derradeira jornada do Grupo A. Essa vitória teria de ser acompanhada por uma não-vitória dos Países Baixos com a Geórgia. Ora, os georgianos cumpriram essa parte do plano com brio, com um empate (1-1) frente aos neerlandeses que os deixou na liderança do agrupamento. E Portugal, com mais uma exibição sofrível, precisou de um milagre para seguir em frente. Um penálti convertido aos 88’ por Tiago Dantas deu o triunfo à selecção orientada por Rui Jorge sobre a Bélgica por 2-1 e a qualificação para os quartos-de-final – onde vai defrontar a Inglaterra, no próximo domingo.

Depois de uma entrada em falso no torneio (derrota com a Geórgia) e de uma pequena correcção de rota frente aos neerlandeses (empate 1-1), esta era a última oportunidade da selecção portuguesa para se manter em prova. E os primeiros sinais foram prometedores, com uma exibição bastante acima do que mostrara nos dois primeiros jogos, mas a abusar um pouco dos ataques com bolas longas à procura do ponta-de-lança Fábio Silva e a cometer alguns erros básicos.

O jogo até começou partido dos dois lados. Logo no primeiro minuto, dupla oportunidade para os belgas. Erro de Samuel Costa, que deixa Balikwisha solto para fazer o cruzamento na direcção de Lois Openda. De primeira, o avançado do Lens acertou no poste e, na recarga, atirou na direcção de Celton Biai. Logo na resposta, foi Pedro Neto a ganhar espaço à entrada da área e, logo de seguida, arrancar um belo remate para o guardião Vandevoordt brilhar.

A sensação do jogo partido continuou de parte a parte. Aos 10’, Fábio Silva obrigou Vandevoordt a mais uma bela defesa e, aos 24’, Biai fez o mesmo na baliza portuguesa, a compensar um erro dos seus colegas da defesa. Openda, que foi o quarto melhor marcador da Ligue 1, voltou a ter uma bola de golo na pequena área, mas o guardião do Vitória de Guimarães voltou a brilhar.

Do outro jogo, chegavam boas notícias para a selecção portuguesa. A Geórgia colocava-se na frente do marcador frente aos Países Baixos, graças a um espectacular golo de Davitashvili aos 42’, numa jogada individual que só acabou com a bola na baliza de Verbruggen. No último minuto do tempo de compensação na primeira parte, Taylor empatou para os neerlandeses.

O empate no outro jogo do grupo ainda servia na perfeição a Portugal. Precisava era de marcar e esperar pela resistência georgiana. Os comandados de Rui Jorge tiveram poucos momentos de brilhantismo, sobretudo porque continuavam a abusar do pontapé para a frente, em prejuízo de um estilo mais apoiado. Mas, aos 56’, finalmente Portugal conseguiu fazer uma jogada que aproveitou bem as características dos seus jogadores.

Bola lateralizada para Fábio Silva, que conseguiu segurá-la no limite dentro das quatro linhas e aceleração até à linha de fundo para o cruzamento. A bola viaja até à área, ressalta num defesa belga e vai ter com João Neves. O médio do Benfica não pensou duas vezes: de primeira, remate potente e colocado a colocar Portugal na frente do marcador.

Feito o mais difícil, agora era aguentar a pressão da Bélgica, que também lutava pelo apuramento. A tentação de recuar e defender da parte de Portugal acabou por conduzir ao empate. Mais um erro defensivo, Openda tem espaço para cruzar e Vertessen, de cabeça, faz o empate.

A partir daqui, foi só coração e pouca cabeça. Pedro Neto tentou levar a equipa para a frente, mas faltava sempre alguma coisa. O empate parecia inevitável, mas, numa jogada aparentemente inofensiva, o milagre aconteceu. Bola na área belga captada sem grande dificuldade por Vandevoordt. Mas também houve uma falta de Debast sobre Henrique Araújo, um braço na cara do avançado português.

Penálti indiscutível e foi Tiago Dantas a vestir a capa do herói. Não tremeu da marca dos 11 metros e depois foi só esperar que acabassem os dois jogos. Portugal finalmente teve alguma sorte neste Euro sub-21 e continua na luta para conquistar o torneio pela primeira vez e para chegar aos Jogos Olímpicos de 2024.