Deus é um pinhal
Nada como o ruído de um motor para derrubar a Natureza. O professor saiu do carro, bateu a porta e acendeu um cigarro.
A irmã gorda foi contemplar caracóis, porque eles a lentificavam, foi ver o mar, porque a tornava infinita, foi sentir a areia nos pés, porque isso a lembrava da efemeridade de tudo, encostou-se ao vento, levantando o hábito, porque isso a elevava. O pinhal junto ao asilo dava-lhe a quantidade de Deus necessária à sua vida, Deus sive natura, dose diária que o motor do automóvel do professor Espinosa interrompeu. Nada como o ruído de um motor para derrubar a Natureza. O professor saiu do carro, bateu a porta e acendeu um cigarro.
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