Calor na Península Ibérica: temperaturas podem chegar aos 44°C em Espanha

Portugal e Espanha enfrentam onda de calor, que agrava risco de incêndios florestais. Évora pode chegar aos 42 graus. Relatório alerta que pessoas com deficiência sofrem mais com a crise climática.

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Xavi, de 50 anos, trabalha como vendedor porta-a-porta e refresca-se numa fonte durante o horário de trabalho numa onda de calor em Barcelona, Espanha, nesta segunda-feira NACHO DOCE/REUTERS
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Calor em Barcelona Reuters/NACHO DOCE
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Calor em Barcelona Reuters/NACHO DOCE
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A Península Ibérica está a enfrentar altas temperaturas causadas por uma onda de calor e, em Espanha, as temperaturas máximas podem mesmo chegar aos 44 graus Celsius em algumas regiões. Em Portugal, várias regiões estão sob aviso laranja por causa das temperaturas elevadas. Este “tempo quente e seco” resulta de uma região anticiclónica e de um vale depressionário que “origina o transporte de uma massa de ar tropical com origem continental”, explica o​ Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).​ Já um relatório divulgado esta segunda-feira alerta que o impacto destes extremos meteorológicos e das alterações climáticas pode ser ainda maior em pessoas com deficiência.

Os distritos de Évora, Beja, Faro e as zonas costeiras do arquipélago da Madeira estão sob aviso laranja devido às temperaturas elevadas. De acordo com o IPMA, prevê-se que esse alerta se mantenha até às 21h desta segunda-feira e, em seguida, seja alterado para amarelo até às 9h na Madeira e às 18h em Portugal Continental de quarta-feira. Sob aviso amarelo estão também os distritos de Setúbal, Santarém, Portalegre, Castelo Branco, Guarda, Viseu, Vila Real, Bragança e as regiões montanhosas da Madeira.​

Segundo o IPMA, são esperados valores acima de 30 graus Celsius na maior parte do território, tanto no interior norte e centro quanto na região sul até quarta-feira. No interior a sul do Tejo e na Beira Baixa, as temperaturas podem atingir os 35 a 40 graus, com possibilidade de chegar aos 40 a 43 graus Celsius. Na quarta-feira, por exemplo, estão previstas temperaturas máximas de 42ºC no distrito de Évora e 40ºC no distrito de Beja.​

Além disso, a temperatura mínima também será elevada, com noites tropicais, com temperaturas mínimas acima de 20 graus, em várias áreas do centro e sul, especialmente na região do Sotavento Algarvio, onde as mínimas podem chegar perto dos 25 graus.

No Porto, as previsões até quarta-feira indicam temperaturas mínimas de 17 graus e máximas de 30. Em Lisboa, a mínima será de 19 graus e a máxima de 32. Em Faro, a mínima será de 22 graus e a máxima de 37.

Risco de incêndios florestais

Em Espanha, o primeiro fim-de-semana de Verão foi marcado por uma onda de calor que afectou diversas regiões. Segundo a agência meteorológica espanhola (AEMET), a região de Guadalquivir registou a temperatura mais alta, ultrapassando os 40 graus Celsius. Essas temperaturas encontram-se entre 5 a 10 graus acima do habitual para esta época do ano. As regiões do Centro e Sul da Península Ibérica são as mais afectadas por este episódio de calor intenso.

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Ondas de calor associadas à seca prolongada aumentam risco de incêndios florestais TIAGO LOPES

As regiões de Sevilha e Córdova podem atingir os 44 graus Celsius nesta segunda-feira. Entre segunda e quarta-feira, esperam-se temperaturas máximas entre os 36  e os 43  graus em diversos pontos do país.

"Lembre-se: esta segunda-feira continua o perigo significativo devido às temperaturas máximas (39 a 42 graus) em vastas zonas do centro e sul da Península. Perigo extremo na zona rural de Córdova e Sevilha, onde as temperaturas podem ultrapassar os 44 graus. Muita cautela", alertou a AEMET num tweet.

Além disso, há regiões do país em alerta para o risco de incêndios florestais devido à seca prolongada e às temperaturas recorde. No ano passado, a Serra de Culebra, no noroeste do país, perdeu mais de 36 mil hectares devido aos incêndios. Em Junho de 2022, a Catalunha também foi afectada, com cerca de 1100 hectares de floresta e arbustos destruídos pelo fogo. No último Verão, aproximadamente 40% de toda a área ardida em incêndios florestais na Europa foi registada em Espanha, totalizando mais de 222.800 hectares ardidos.

Um relatório divulgado pela Human Rights Watch (HRW) nesta segunda-feira destaca a maior vulnerabilidade das pessoas com deficiência relativamente às ondas de calor. Segundo os investigadores, esses indivíduos enfrentam um aumento considerável nos riscos de morte, bem como implicações significativas na saúde física e mental.

Embora tenham sido implementadas medidas para lidar com os impactos da crise climática em vários sectores, incluindo a população mais vulnerável, o relatório ressalva a falta de propostas específicas para atender às necessidades dessas pessoas. O isolamento social como alternativa durante os dias mais quentes não pode ser a única solução, pois também pode gerar problemas psicológicos, aponta o documento.

Texto editado por Claudia Carvalho Silva

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